O presidente do Governo Regional, na passada quinta-feira, anunciou que
o aeroporto de Santa Maria se iria manter a funcionar no horário que
actualmente funciona.
Referindo-se a negociações entre o Governo Regional, Governo da
República e ANA, SA, Carlos César, através do Gabinete de Imprensa dos
Açores, anunciou o recuo da ANA quanto à decisão de prolongar o horário
de encerramento nocturno do aeroporto mariense.
No entanto, não passou de sol de pouca dura, pois logo de seguida, um dos responsáveis da administração da empresa anunciava que apenas tinham adiado a decisão.
Mais uma vez o Governo Regional enganou os açorianos, em geral , e os marienses, em particular, devendo neste momento uma explicação séria e honesta sobre o que realmente se passa em relação ao aeroporto de Santa Maria.
De acordo com o membro da administração da empresa, a decisão deve-se apenas a questões técnicas, sem que especifique quais… No entanto, qualquer pessoa minimamente atenta pode desvendar quais são essas questões meramente técnicas… É que para se operar uma escala técnica no aeroporto de Santa Maria, a ANA tem que ter trabalhadores (devidamente vinculados à empresa) enquanto que se essas escalas forem desviadas para o aeroporto das Lajes, são mais baratas para a empresa que recorre a elas, porque todas as taxas são mais baixas devido ao facto da maioria do trabalho ser assegurado por militares da Força Aérea e não por trabalhadores da empresa…
Por outro lado, não é novidade para ninguém que a ANA tem estado a reduzir postos de trabalho e que é sua intenção e do Governo da República, avançar com a privatização de alguns aeroportos, com todas as repercussões que tal medida terá quer para os trabalhadores, quer para os utentes.
A decisão da ANA em relação ao aeroporto de Santa Maria não se deve a questões meramente técnicas mas sim a questões meramente economicistas e de tentativa de asfixiar a infraestrutura mariense.
Por outro lado, a ANA tem alegado o enorme deficit do aeroporto de Santa Maria, contudo, esquece-se de dizer que durante o ano passado houve um aumento do número de aviões a procurarem aquele aeroporto, aumentou o volume de carga e o número de passageiros…
Numa altura em que tanto se fala de coesão económica, em que o Governo de Carlos César ergue a bandeira do desenvolvimento equilibrado e harmonioso criando até a “Ilhas de Valor”, parece que Santa Maria e aquele que foi, continua a ser e tem condições para se manter como um dos pilares da economia da ilha, não têm qualquer valor.
Carlos César deve explicar aos marienses as razões deste “mal entendido”, da mesma forma que deve explicar a todos os açorianos de forma clara, objectiva e verdadeira quais serão os reais benefícios da “Ilhas de Valor” e porque razão algumas das ilhas que deveriam ser abrangidas não o foram…
É altura também de Carlos César explicar aos açorianos, de forma clara e objectiva, quais são os reais benefícios para a região da proliferação das empresas públicas SA (se é que os há)…
Eu pessoalmente até tenho alguma curiosidade em saber quantos são os quadros superiores da Saudaçores, da Ilhas de Valor ou da empresa de Ambiente, quais os montantes dos salários que auferem e que outras regalias têm…
Aos marienses, resta saudar a forma empenhada e dedicada como têm lutado em defesa do seu aeroporto, num claro exemplo de cidadania e participação cívica e apelar a que mantenham o mesmo empenho e dedicação pois a luta continua…!
Por outro lado, numa altura em que tanto se fala de descrédito na política e nos políticos; em que se tenta “meter” tudo no mesmo saco, não podia deixar de lembrar o 85º aniversário do PCP.
São 85 anos de luta e resistência ao lado do povo e dos trabalhadores!
São 85 anos de luta pela construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais igual!
São 85 anos em que muitos milhares tem tomado e muitos continuam a tomar Partido, pois como dizia Ary dos Santos, “Tomar Partido é ter inteligência”…
E ao contrário do que muitos têm previsto (sempre sem sucesso), são 85 anos de reforço…!
Lurdes Branco, In Açoriano Oriental, 28 de Fevereiro de 2006