A grave crise económica e social que se seguiu à primeira guerra mundial, a vitória da revolução bolchevique e, sobretudo, as lutas dos trabalhadores portugueses por melhores condições de vida e trabalho e os fortes movimentos sindicais, que entretanto emergiram, estiveram na génese do PCP. Assim, e de modo diverso ao que ocorrera na generalidade dos países europeus, o PCP não se formou a partir de uma cisão no Partido Socialista, mas ergueu-se do seio do movimento operário e com militantes saídos das fileiras do sindicalismo revolucionário e do anarco-sindicalismo que, ao tempo, representavam o que havia de mais vivo, combativo e revolucionário no movimento dos trabalhadores portugueses. A fundação do PCP não foi um acaso nem fruto de uma decisão arbitrária. Foi a expressão de uma necessidade histórica da sociedade portuguesa e resultado da evolução do movimento operário português. Nos Açores a luta pela consolidação da democracia, a dignificação das instituições e aprofundamento do regime constitucional de autonomia nos Açores, património adquirido pelos açorianos e que a Revolução de Abril possibilitou, está indelevelmente ligado à história do PCP nos Açores. A história do PCP confunde-se com a história da luta pelos direitos do trabalho, com a história da luta dos jovens trabalhadores e estudantes, com a história da luta das minorias, sejam elas de género, culturais, sexuais ou étnicas, a história do PCP, confunde-se com a luta das minorias pelo direito ao reconhecimento da diferença e da diversidade, a história do PCP confunde-se com a história da luta do povo português pela liberdade e pela democracia. O futuro tem Partido - o PCP! Um partido de classe.
Aníbal C. Pires, In Açoriano Oriental, Ponta Delgada, 06 de Março de 2006