Sampaio e a Autonomia

jose_decq_motta.jpgO Senhor Doutor Jorge Sampaio cessa hoje as funções de Presidente da República, que exerceu durante 10 anos. Dos seus dois mandatos serão feitos balanços negativos para uns e positivos para outros.

Haverá quem se preocupe em verificar qual foi a evolução do procedimento político do Presidente e haverá quem vai dar especial atenção à isenção, ou não, como o cargo foi exercido. Eu próprio não me furtarei a registar a opinião sobre esses e outros pontos de ordem geral, mas hoje gostaria de deixar aqui registada apenas uma única opinião que é a seguinte: Jorge Sampaio foi o Presidente da República que entendeu, de forma plena e extensiva, que a defesa da Autonomia, o combate às tentações centralistas e às perversões separatistas, implicava a clarificação dos poderes regionais, nomeadamente do poder legislativo. Sobre estas matérias o Presidente Sampaio interveio e interveio bem, sem preconceitos, nem ideias mal feitas sobre os problemas. Tomou a iniciativa de inventariar opiniões. Ouviu todos os que podiam contribuir. Valorizou as opiniões dos interventores políticos regionais. Desdramatizou os problemas e deu, ele próprio, contributos importantes. Nos 10 anos anteriores Mário Soares aguentou e bem as ofensivas perversas de natureza separatista e centralista. De seguida Sampaio trabalhou e bem para que deixassem de existir situações dúbias que alimentavam essas atitudes perversas. Foi um Presidente autonomista.

José Decq Mota em Crónicas D’Aquém no Açoriano Oriental em 9/03/2006