Numa intervenção, hoje no Parlamento Regional, Aníbal Pires, Deputado do PCP, enumerou os quatro pontos essenciais de uma nova política para a SATA, garantindo que seja uma empresa Pública e Regional, forte e que se afirme no mercado nacional e internacional, crescendo e consolidando posições, construida com os seus trabalhadores, valorizando o seu know-how dedicação e experiência e que tenha uma gestão eficaz, transparente e independente das conveniências do Governo.
Para o PCP, não há solução para os problemas da SATA que não passe por essa nova política, que inverta as políticas erráticas, inconstantes e opacas que conduziram a nossa transportadora aérea regional a uma instabilidade permanente ao longo dos últimos anos.
INTERVENÇÃO DO DEPUTADO ANÍBAL PIRES
SOBRE A TRANSPORTADORA AÉREA SATA
9 de Dezembro de 2015
Senhora Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
Senhor Presidente do Governo Regional,
Senhora e Senhores Membros do Governo,
Fazemos hoje mais um de muitos debates sobre a nossa transportadora aérea regional SATA. Esta quantidade de debates é compreensível dada a importância estratégica desta empresa pública, dadas as transformações profundas que o sector do transporte aéreo tem sofrido na nossa Região mas também, e infelizmente, pela política errática, inconstante, opaca que, efectivamente, reconheça-se conduziram a nossa transportadora aérea regional a uma instabilidade permanente ao longo dos últimos anos.
Uma situação que levanta profundos problemas em termos da sua capacidade de resposta às necessidades da Região e, desde logo, à mobilidade dos açorianos, mas também problemas em termos da sua situação financeira e sustentabilidade a médio prazo. São problemas conhecidos, levantados por todas as bancadas da oposição, que temos tido ocasião de escalpelizar em detalhe nas várias discussões que temos tido nesta Assembleia.
Não limitámos, nem limitaremos o nosso direito à crítica. Até porque em relação à forma como o Governo Regional tem conduzido os destinos da nossa companhia aérea, a crítica é necessária, é urgente e é extensiva, diga-se.
Mas pensamos que é necessário ir para lá da enumeração dos problemas e do diagnóstico das suas causas e avançar para as soluções, para a política que efectivamente queremos para a SATA. Essa política, para o PCP, é clara e acaba por ser, em muitos dos seus aspectos, o exacto inverso da política que o Governo Regional tem praticado.
Poderíamos reduzir, em traços largos, a quatro pontos essenciais:
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Primeiro: Precisamos de manter a SATA como uma empresa pública e regional, património inviolável dos açorianos, recusando a velha e estafada cassete dos que acham as privatizações são o remédio milagroso para todos os males; defendendo o que é nosso dos olhos cobiçosos que a vêm como uma possível fonte de lucro a curto-prazo, em sacrifício dos interesses dos açorianos;
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Segundo: Uma empresa pública, regional e forte, que se afirme no mercado nacional e internacional, crescendo e consolidando posições, retomando e abrindo novas rotas que contribuam para a sua sustentabilidade financeira; Uma empresa que não sirva para financiar o Estado e a Região e que, ao contrário, receba atempadamente o que lhe é devido pelo serviço público que presta; Uma empresa com uma frota adequada à operação que se pretende fazer, que não sacrifique o retorno económico da operação por falta de meios para a realizar; Uma empresa competitiva, inteligente, competindo onde é possível competir, aumentando a oferta onde a procura existe, e não se limitando a desertar perante a entrada de operadores privados;
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Terceiro: Uma empresa pública, regional, forte e que seja construída com os seus trabalhadores e não contra ou apesar deles; onde o know-how, a experiência, mas também a dedicação e capacidades internas sejam valorizadas; onde não existam climas de medo e perseguição interna, movidos por pequenos poderes instalados; uma empresa que não desperdice talento e que dê o devido valor e as devidas condições e direitos a todos os seus profissionais;
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Quarto: Uma empresa pública, regional, forte, construida com os seus trabalhadores e que tenha uma gestão eficaz, transparente e independente das conveniências do Governo Regional; Uma empresa onde exista um planeamento cuidado, participado, transparente, eficaz, exequível, que garanta coerência à gestão; Uma empresa que não sirva de agência de emprego político, nem para dar respostas a preocupações imediatistas do Governo, abrindo e fechando, reduzindo ou reforçando rotas ao sabor das conveniências políticas de curto-prazo;
Esta é a proposta do PCP. E estamos convictos que não há solução para os problemas da nossa transportadora aérea, não há futuro sustentável para a SATA que não passe, no essencial, por estes pontos que enumerei.
Esta é a SATA que queremos, a SATA que precisamos, enquanto instrumento estratégico do nosso desenvolvimento, para o futuro dos Açores.
Disse.
Horta, 29 de Outubro de 2015
O Deputado do PCP Açores
Aníbal Pires