O coordenador do PCP Açores, Marco Varela, deslocou-se nos dias 3, 4 e 5 de maio à ilha das Flores para aprofundar o conhecimento dos problemas e das expectativas que os florentinos têm, para lhes poder dar voz e apresentar o conjunto de propostas do PCP para as diversas áreas, estando certos de que as mesmas vão de encontro das necessidades e preocupações da população da ilha.
Assim, o objetivo foi o de ouvir os florentinos, as suas instituições e os seus representantes locais, conhecer as suas realizações e perceber as carências que mais os preocupam.
No dia 3 de maio foram realizadas reuniões com o Presidente de Câmara das Lajes das Flores, a Associação de Pescadores das Flores, o Presidente de Câmara de Santa Cruz e uma visita ao Porto das Lajes, onde também houve contactos com pescadores. Realizou-se também uma reunião com a eleita municipal do concelho de Santa Cruz das Flores, e com militantes e ativistas da CDU. Como acontece nas restantes ilhas, foi mais uma vez evidenciado o avolumar-se das dificuldades sentidas pelos trabalhadores, população e produtores, devido aos baixos salários e pensões, ao aumento do custo dos bens essenciais e dos fatores de produção, do crédito à habitação, e ao consequente e transversal aumento do custo de vida.
O que é comum a todas as instituições com que o PCP reuniu, é a falta de resposta ou a resposta insuficiente aos problemas que já se evidenciava no Plano e Orçamento da Região Autónoma dos Açores, como o PCP tinha atempadamente denunciado. É possível notar um claro desinvestimento na ilha. Os serviços regionais têm cada vez mais dificuldades, por falta de meios humanos e materiais. Na habitação evidenciam-se carências, há falta de transportes marítimos de passageiros com a ligação às restantes ilhas da Região, falta de lugares nos transportes aéreos para os residentes, falta de manutenção das gruas de apoio à pesca e de equipamentos de apoio à pesca em terra. Por fim, eterniza-se o problema dos abastecimentos à ilha, o que demonstra uma clara falta de estratégia. No porto das Lajes das Flores, as obras do molhe de proteção de emergência deviam já ter começado, mas ainda estão paradas.
Da reunião com os Presidentes de Câmara dos concelhos das Lajes das Flores e Santa Cruz das Flores destacamos os problemas, as necessidades e as preocupações que são comuns: a falta de resposta ou a resposta insuficiente por parte do Governo Regional em matérias como a habitação, e os consequentes problemas em fixar diversos profissionais em áreas como a educação, a saúde, ou mesmo os casais jovens.
A política de transportes é claramente uma lacuna por falta de estratégia e inércia: desde os transportes aéreos, que apesar de algum reforço continuam a deixar para trás muitos florentinos que precisam de se deslocar, ao transporte marítimo de passageiro que deixou de existir, não se vislumbrando quando poderá voltar a existir e assegurar a ligação entre as Flores e o restante arquipélago. A construção e reforço do porto das Lajes das Flores, porta de entrada dos abastecimentos à ilha, vão de promessa em promessa, num jogo do empurra entre Governo Regional e da República. Também a obra de proteção de emergência da ponte cais não avança, quando tinha sido prometido que começasse no dia 1 de maio para terminar no fim de setembro. Parecem avizinhar-se uns meses de inverno muito complicados. É preciso agir.
Da reunião com a Associação de Pescadores das Flores destacou-se a falta de tempo, por parte do Secretário Regional das Pescas, para reunir e visitar as instalações da Associação, em mais de 2 anos de mandato, bem como a promessa não mantida, por parte de um deputado da coligação do Governo, de uma grua nova para o porto das Poças. Já passou mais de um ano, e não há sinais dessa nova grua. A juntar à grua que se perdeu pelo caminho, temos a grua do porto das Lajes que está avariada há largos meses, a falta de um entreposto e de um espaço condigno da lota, que está a funcionar no pavilhão onde se deveriam varar barcos e permitir a sua manutenção. O espaço, que aparentemente está pronto, só pode estar a aguardar bom tempo para a cerimónia de inauguração.
Também na agricultura existe falta de estratégia, formação, apoio e incentivo, nomeadamente no que diz respeito à horticultura. Tendo em conta os constrangimentos dos abastecimentos à ilha, é necessário traçar um plano de incentivo à produção de hortícolas que diminua a dependência externa. As Flores não precisam de mais encerramentos, como o da Cooperativa Ocidental, que acabou com a produção de manteiga, iogurte, queijo.
As medidas necessárias estão todas ao alcance do Governo Regional: mas este parece estar unicamente preocupado com a sua sobrevivência política, criando, pela sua inércia, as condições para a crescente desigualdade entre ilhas e açorianos.
Entretanto, a nossa Região precisa urgentemente que se dê resposta à crise que atravessamos, assegurando a valorização de salários e pensões, o combate à precariedade e à exploração, reforçando e valorizando a rede de produção regional. Basta de perdemos o que de melhor temos e sabemos fazer.
Comissão de ilha das Flores do PCP