A Direção Regional do PCP Açores (DORAA) esteve reunida no sábado, dia 13 de julho, na cidade da Ponta Delgada, para analisar a situação política e social, tanto a nível nacional como regional, e traçar as principais linhas de intervenção política do PCP.
Situação social regional
Nos Açores assistimos a uma progressiva degradação da situação social e económica, e a uma cada vez mais notória desigualdade entre ilhas e entre açorianos. Enquanto a riqueza gerada na Região continua a concentrar-se nas mãos de uma minoria, os trabalhadores que a geram têm uma vida cada dia mais difícil.
O Governo Regional do PSD, CDS-PP e PPM, com a cumplicidade de CHEGA, sem oposição da IL, PAN e perante a passividade do PS, teima em não querer enfrentar os problemas reais dos açorianos, conduzindo uma política sem rumo, atabalhoada e sem planificação. Nada de novo. Esta é a política de direita na sua plenitude: assente nos baixos salários, precaridade, subcarga de horários, e impotente face ao aumento do custo de vida, à falta de habitação, aos problemas da saúde, dos transportes aéreos, e de muitos outros serviços. A sua opção é a de subfinanciar os serviços da administração publica regional, que têm cada vez mais dificuldades em dar resposta às populações, mantendo a linha privatizadora (a Sata, as termas, os hotéis). No entanto, um exemplo dos “benefícios” das privatizações é o que se passa com os CTT: a barafunda é crescente, em todas as ilhas, onde receber correspondência e encomendas se tornou complicado como nunca foi, E esta situação só não é mais caótica graças à dedicação dos trabalhadores.
Este governo regional insiste e persiste num enunciado de intenções e investimentos que pouco servem para enfrentar os problemas da vida real dos açorianos. Focado como está na sua sobrevivência política, custe o que custar, dá a mão ao CHEGA e aos seus projetos mais reacionários, como é o caso da discriminação de crianças no acesso às creches, em função de os seus pais terem ou não emprego. Este governo admite que há crianças de 1ª e crianças de 2ª, quando o que é preciso é ter creches gratuitas para todas elas, e criar uma rede publica de creches que cubra as necessidades existentes.
Nos transportes aéreos, insiste-se em querer privatizar a Azores Airlines a todo o custo, mantendo o falso argumento da redução da dívida regional, quando já está assumido que será a Região a assumir a atual dívida da empresa. Avança-se agora com o fecho das lojas e com a privatização do handling, com o impacto que isso terá na Região e em cada ilha, sem nenhuma transparência. De momento adia-se investimentos em ampliação de pistas e aeroportos, mas a grande pergunta permanece esta: qual vai ser a situação laboral dos trabalhadores, qual será o seu destino?
Também nos transportes marítimos de mercadorias manda-se fazer estudos e mais estudos para ficarem na gaveta, enquanto passou um ano e os atrasos dos barcos de mercadorias se mantêm, atrasando a chegada e a entrega de mercadoria, tanto que cada vez existem mais prateleiras vazias e muitos micro, pequenos e médios empresários sem poder vender produtos.
A tragédia que se passou com o incêndio do HDES veio expor de forma ainda mais clara as fragilidades existentes na área da Saúde, e a crescente dificuldade de muitos açorianos que precisam de cuidados médicos: problemas que não são de agora, infelizmente, e transversais a todas as ilhas.
A administração publica regional é desvalorizada e subfinanciada, enquanto em muitos casos se intensifica a exploração de quem nela trabalha, com consequências cada vez mais claras em termos de falta serviços e de resposta às necessidades da população. Também neste caso, só o empenho e a dedicação dos trabalhadores mantêm um mínimo de normalidade.
O PCP Açores expressa solidariedade e apoio aos trabalhadores que não se resignam, como ficou provado pela semana de luta realizada pela CGTP, pelo aumento geral dos salários, pelas 35 horas e pelo combate à precariedade.
O PCP Açores tem vindo a reforçar a sua intervenção em defesa dos trabalhadores, dos micro, pequenos e médios empresários, do sector produtivo, dos serviços públicos e das populações. Estamos e estaremos, em cada concelho e em cada ilha, ao lado dos trabalhadores e da população que lutam por uma vida melhor e exigem uma mudança.
DORAA