
Este encontro com a comunicação social tem como objectivo divulgar de forma, necessariamente, sintética alguns dos temas que, pela sua pertinência e importância política, julgamos serem do interesse da opinião pública regional.
1. A DORAA do PCP efectuou um balanço à execução do seu Plano de Intervenção Política para 2006 e às actividades desenvolvidas e que têm incidido sobre a reorganização e reforço da organização do PCP Açores. Aliás, dando cumprimento às orientações aprovadas no último Congresso Regional, realizado em Abril de 2005 sem, no entanto, deixar de acompanhar e intervir as questões políticas locais, regionais e nacionais que afectam a vida e o quotidiano dos portugueses quer vivam nas regiões insulares ou no espaço continental.
A DORAA do PCP congratula-se com a aprovação pela Assembleia da República, em sede de comissão, das alterações à Lei Eleitoral Regional e com a aceitação das propostas feitas pelo grupo parlamentar do PCP, construídas em cooperação com a DORAA, e das quais salientamos a criação da possibilidade dos cidadãos invisuais e amblíopes poderem exercer o seu direito de voto sozinhos com a garantia de absoluta confidencialidade. Esta proposta feita pelo PCP veio dar voz e substância à delegação regional da ACAPO que há algum tempo vinha a propor esta solução.
A DORAA do PCP saúda as lutas das populações e dos trabalhadores na defesa dos serviços públicos, do trabalho com direitos e contra a ofensiva do capital no assalto aos sectores sociais do estado.
A DORAA do PCP saúda a luta dos educadores e professores contra os objectivos economicistas da Ministra da Educação e que visam, em última instância, a satisfação de objectivos de desvalorização da profissão docente, a desqualificação da escola pública e a criação de condições para a emergência do ensino privado em paridade com o ensino público.
A DORAA do PCP considera lamentável que pela mão de uma mulher e de um governo do PS a profissão docente, predominantemente feminina, seja alvo de discriminações de género ao propor que a avaliação e a consequente progressão na carreira seja suspensa aquando do gozo da licença de maternidade.
A DORAA do PCP ao saudar as lutas dos trabalhadores e das populações reforça a ideia crescente que, contra a opinião dominante do inevitável, existe uma opção: a luta contra esta política e a construção de uma política alternativa de justiça social e económica.
E se me permitem trazia à memória um pequeno texto de Bertold Brecht que tendo sido escrito num outro contexto se mantém duma actualidade gritante e nos indica o caminho da luta.
“Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. u
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar.”
A DORAA do PCP torna público a participação, a convite do grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica, do Coordenador Regional, nas Jornadas de Estudo sobre as regiões periféricas da Europa e sobre o tráfico de mulheres, que se realizam de 26 a 29 de Junho, em Kiruna, Suécia. O Coordenador Regional, que integra a delegação portuguesa, fará uma intervenção onde vai defender a necessidade de políticas diferenciadas para as regiões ultraperiféricas e a necessidade de aprofundamento do estatuto das ultraperiferias europeias.
A DORAA do PCP informa que vão decorrer, nos dias 12, 13, 14 e 15 de Julho, as Jornadas do Grupo Parlamentar do PCP no Parlamento Europeu. Esta iniciativa visa dotar os deputados europeus da necessária informação e conhecimento da realidade específica regional para, assim, potenciar a sua intervenção nas instâncias comunitárias. Os deputados Ilda Figueiredo e Pedro Guerreiro acompanhados de dirigentes regionais do PCP Açores visitam as ilhas de Flores, Faial, Pico, Terceira e S. Miguel onde manterão contactos e reuniões de trabalho.
2. DORAA do PCP Açores da profunda análise que efectuou à situação política nacional e regional torna público o seguinte:
2.1 O “casamento” de ideias, estratégias e soluções, para o país, entre a presidência da república e o governo ou, utilizando uma linguagem mais ortodoxa, a coabitação pacífica e cooperante entre estes dois órgãos de soberania, que nem o veto sobre a lei da paridade consegue disfarçar, vem reforçar a necessidade de aprofundar e dar continuidade à luta dos trabalhadores e das populações na defesa de uma política alternativa às políticas de direita que caracterizam o actual momento nacional.
As soluções caritativas e assistencialistas, propostas por Cavaco Silva e José Sócrates, de combate aos graves problemas sociais que o país atravessa são elucidativos desta convergência de pontos de vista e de um modelo de sociedade que estrutura o seu “sucesso” na exclusão social e económica e num enorme contingente de desempregados.
As medidas anunciadas e, algumas delas, já executadas de encerramento de serviços públicos, um pouco por todo a país, começaram já a “dar frutos”. Quem senão o governo pode e deve ser responsabilizado pelo nascimento de um nado morto na maternidade de Badajoz ou pelo aborto que vitimou uma jovem mulher durante o transporte para a maternidade de Portalegre.
Quem senão este governo pode e deve ser responsabilizado pelo que a prazo constitui o “encerrramento” de uma parte do país e a destruição de uma das matrizes culturais e identitárias do povo português – o seu mundo rural. De facto e está à vista de todos o “choque tecnológico” proposto pelo Eng. José Sócrates não se compadece com ruralidades é conformado pela urbanidade e pela competitividade exacerbada que promove a exclusão e a marginalidade. Não compreendemos e lamentamos que os agentes e destinatários do “ideal de modernidade” do governo do PS de José Sócrates sejam, os primeiros insultados, penalizados e desvalorizados e, os segundos se reduzam a uma minoria.
Quem senão o governo da República pode e deve ser responsabilizado pelo estado da economia e finanças públicas nacionais. Quem senão o governo pode e deve ser responsabilizado pelo despesismo da administração pública e da sua pretensa reforma que mais não é do que “arrumar os quadros públicos” e substituí-los por assessorias, grupos de trabalho e de estudo, consultadorias e auditorias externas para satisfação de clientelismos e de interesses privados.
2.2 A situação política regional é, aliás como já temos afirmado, ainda que diferida no tempo e com subtilezas que “suavizam” a agressividade dos efeitos da crise e da acção demolidora do governo da República caracterizada pelo desnorte do governo regional e por uma contínua desresponsabilização da acção governativa.
O encerramento e o deficiente funcionamento de alguns serviços públicos nos sectores da educação e da saúde, à nossa dimensão, conformam opções políticas semelhantes às da República. Também na região a defesa do sector público se está a tornar um imperativo.
No horizonte próximo vislumbram-se sinais de uma estratégia governamental de entrega ao capital privado de algumas unidades de saúde. O que não sendo novo, nesta como noutras áreas, não deixa de ser preocupante. As sociedades gestoras de capitais públicos para além de instrumentos financeiros são, sobretudo, instrumentos subtis para a privatização de sectores de actividades que predominantemente devem ser públicos.
Mas, para a DORAA do PCP, o desnorte e a incapacidade governativa do governo do PS de Carlos César, se dúvidas houvessem, estão cabalmente demonstrados com a situação escandalosa dos transportes marítimos de passageiros.
Não há justificação para o injustificável, a não ser a incapacidade e a necessidade de satisfazer clientelas o que justificaria, de per si, a responsabilização política dos membros do governo directamente encarregados deste sector se na Região houvesse mais pluralidade na representação institucional e não vivêssemos sob o poder de uma maioria absoluta que ainda não percebeu que o poder é efémero.
Estamos a meados do mês de Junho numa região que se apresenta como um destino turístico de qualidade e onde o mar é o desígnio e, a solução para o transporte marítimo de passageiros inter ilhas está atracada no porto de Ponta Delgada.
Que o governo de Carlos César não tem para os Açores uma política estruturada de transportes marítimos de passageiros é uma evidência de há muito. Que o governo de Carlos César, nomeadamente o seu Secretário da Economia, errou profundamente na condução do processo de concessão do serviço público de transportes marítimos e na selecção do equipamento para assegurar esse serviço, assume, actualmente, foros de um escândalo que exige explicação pública e responsabilização política.
Obrigado pela vossa presença.
Ponta Delgada, 20 de Junho de 2006
O Coordenador Regional,
Aníbal C. Pires