Edgar Silva afirmou este domingo, num almoço em Ponta Delgada com dezenas de apoiantes, que cabe ao povo decidir quem elege.
Apesar de ser anunciada, durante meses a fio, a manutenção das mesmas políticas de direita – de preferência com os mesmos executantes – como se fosse um miserável fatalismo, o que se abriu foi um tempo de esperança e de possibilidade real de recuperação de direitos. O afastamento do PSD/CDS-PP do governo é consequência dos resultados eleitorais, e agora que estes foram remetidos para a oposição revelaram que só aceitam os resultados das eleições quando estes lhes são favoráveis!
A nova composição da Assembleia da República conseguiu provar no imediato ser uma mudança com consequências, como se verificou na reversão das alterações da anterior maioria PSD/CDS-PP à lei da Interrupção Voluntária da Gravidez. Estas alterações da direita foram um verdadeiro atraso civilizacional, que apenas pretenderam a humilhação da mulher. Tratou-se de um ajuste de contas da direita mais reaccionária, que viu afinal as suas intenções furadas, e que poderá ver muitas mais vezes de igual forma noutras matérias.
O candidato apoiado pelo PCP declarou que este tempo de esperança não pode dar lugar à espera. Exige antes que cada um lute pelos seus interesses, pelas suas aspirações, e não fique à espera que os justos direitos que merece lhe caiam no colo. Todas as conquistas que se conseguirem nesta legislatura serão o resultado da luta que o povo e os trabalhadores desenvolverem. E as conquistas conseguidas desde Outubro terão de ter nas Presidenciais de Janeiro a sua continuação natural!
Em democracia, é o povo quem elege. Não era assim no tempo do fascismo, como afirmou o candidato - apesar de haverem eleições, o seu resultado já era conhecido... E mal seria se a actual situação política não contribuísse para derrotar novamente a direita. Tentando iludir o povo, a candidatura da direita e do grande capital recorre a todos os métodos para ganhar as eleições. Passa-se por quem não é e é anunciado quase diariamente como candidato já eleito.
Marcelo Rebelo de Sousa diz-se agora não se identificar com Cavaco Silva – mas está no Conselho de Estado escolhido pelo Presidente da República. Não se identifica com o PSD – mas já foi seu presidente. Não é de direita nem de esquerda – parece até ser superior a estas classificações! A verdade é que este candidato está animado das ideias mais reaccionárias que por aí andam. E será, na presidência da república, a continuação natural de Cavaco Silva, um feroz apoio à política de direita e uma força de bloqueio a uma política de esquerda.
A campanha que está no terreno tenta transparecer que as eleições já têm garantido o resultado que interessa ao capital – não fosse ele quem domina a comunicação social, que nos bombardeia com estas "notícias". Mas mesmo com todas as sondagens, reportagens e promoções de uma candidatura – em detrimento de outras e, muito em particular, desta nossa candidatura – há uma vitória que não conseguem obter. É que vão ter de ir a eleições, porque cabe ao povo eleger.
Como os trabalhadores bem sabem, é preciso que o Presidente da República tenha um firme compromisso com a Constituição da República, com Abril, com o progresso e o futuro dos trabalhadores, do povo e do país. E esse compromisso só esta candidatura transporta. Dirigindo-se aos seus apoiantes, Edgar Silva desafiou cada um a ser o portador deste compromisso, afirmá-lo e lutar por um resultado nas eleições que seja um sinal de mudança e de esperança num futuro que queremos melhor. Se assim for, um outro rumo, progressista e de esquerda, será possível!
Do programa do candidato constou ainda uma reunião com a Casa da Madeira e uma visita à fábrica de chá Gorreana.