No dia 27 de maio, o Coordenador Regional do PCP/Açores Marco Varela realizou um conjunto de contactos e reuniões na Ilha do Pico, no decorrer dos quais, e como acontece nas restantes ilhas, foi mais uma vez evidenciado o avolumar-se das dificuldades sentidas pelos sectores da Agricultura e das Pescas.
É cada vez mais claro que às atividades de produção de bens alimentares deve ser atribuído um papel estratégico na economia regional, e não só pela riqueza ou pelo emprego que geram. O alastrar de crises mundiais a que assistimos nestes últimos anos, e a especulação que à custa deles se agigantou, deveriam fazer repensar seriamente as opções resultantes do processo de integração capitalista na União Europeia, sempre com a conivência ativa do PS, PSD e CDS tanto a nível nacional como regional. Como o PCP alertou múltiplas vezes, decisões políticas como a de eliminar as quotas leiteiras, provocaram uma brutal quebra do preço pago aos produtores, e puseram em causa o futuro de todo o sector, juntamente com a subsistência de milhares de agricultores. Em resultado destas escolhas, territórios inteiros foram perdendo as suas atividades de produção, e juntamente com estas a sua soberania alimentar, que é uma forma de segurança básica da qual nunca se deveria abrir mão.
Confrontado como está com a atual subida de preço de todos os fatores de produção, como o preço dos combustíveis e das rações, o futuro do sector agrícola dos Açores exige em primeiro lugar a rutura com o dogma liberal da desregulação dos mercados que tem caracterizado as políticas europeias e nacionais, mas também precisa urgentemente que se ponha fim à falta de estratégia económica que tem vindo a dizimar produtores de leite em várias ilhas. Bem pelo contrário, é necessário potenciar as várias produções de excelência de que a Região é capaz (e das quais não faltam provas dadas), e recuperar mercados perdidos e consolidar outros.
Por isso, o PCP defende uma aposta séria e decidida no sector agrícola, criando as condições necessárias para que os produtores recebam o justo valor pelo que produzem. Deve-se, portanto, diversificar a agricultura, reforçando os apoios aos produtores de hortícolas e frutícolas, e em paralelo deve-se sustentar a produção de leite e carne na qual tanto já se investiu.
Deve-se assegurar o escoamento da produção agrícola, tanto reforçando o apoio ao consumo através do mercado regional, quanto criando as condições para a exportação. Mais do que nunca, o PCP insiste sobre a necessidade da criação de um Posei Transportes, reconhecendo neste um instrumento fundamental para que seja garantido o direito à produção desta Região ultraperiférica, garantindo o escoamento externo e entre as diversas ilhas do arquipélago.
No sector das pescas nota-se a mesma incompreensão, e a falta total de um projeto intencionado a tutelar esta atividade fundamental, da qual dependem na nossa região, milhares de postos de trabalho diretos e indiretos, e uma série de outras realidades económicas, entre as quais uma indústria transformadora de dimensão relevante. No Pico nota-se bem este descuido, sendo necessário e urgente garantir as condições de apoio em terra para os pescadores, com a manutenção dos portos e gruas e a realização das obras no porto das Lajes do Pico.
Infelizmente, o Governo Regional de PSD, CDS-PP e PPM, com apoio parlamentar de CHEGA e Iniciativa Liberal, em vez de procurar soluções, parece querer ignorar os problemas, manifestando uma crescente falta de estratégia e de rumo.
A nossa Região precisa de dar resposta a esta crise assegurando a produção de leite, lacticínios, hortícolas, carne e pescado, reforçando e valorizando a rede de produção. Basta de perdemos o que de melhor temos e sabemos fazer.
A comissão de ilha do Pico do PCP Açores