No dia 22 de julho, uma delegação do PCP Açores reuniu com o núcleo de São Jorge da Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo e com a Associação de Jovens Agricultores de São Jorge com o objetivo de ouvir os seus representantes e conhecer as suas realizações e carências, de modo a aprofundar, por esta via, o conhecimento dos problemas da ilha e das expectativas que os jorgenses têm, procurando assim dar-lhes voz. Também foi apresentado o conjunto de propostas que o PCP tem para as diversas áreas, na certeza de que as mesmas vão ao encontro das necessidades e preocupações da população daquela ilha.
No decorrer de ambas as reuniões, ficou mais uma vez em evidência o avolumar-se das dificuldades sentidas em consequência do aumento do custo de vida e do custo dos fatores de produção. Foi igualmente salientada a falta de mão de obra para diversos sectores, devido ao já antigo flagelo relacionado com a perda de população, fruto das insuficientes medidas para a fixação desta na ilha, acompanhada da necessidade não atendida do reforço da formação profissional.
Pela sua parte, o PCP deu a conhecer as propostas que tem vindo apresentar na Assembleia da República, cuja aprovação poderia dar um forte contributo para minimizar as dificuldades levantadas pelos seus interlocutores, e contribuir para o desenvolvimento da economia local e regional, diminuindo assim as desigualdades cada vez maiores entre as ilhas. Não basta, pois, dizer que a ilha de São Jorge faz parte das “ilhas de coesão” se a esta afirmação não corresponderem medidas e apoios concretos.
Posto isto, o PCP defende:
- A criação um passe intermodal, que permitisse a quem viajasse para as ilhas do Triângulo, nomeadamente para São Jorge, a possibilidade de comprar um só bilhete que incluísse a passagem aérea, o transporte de barco e o transporte terrestre, podendo ter a possibilidade de despachar a sua bagagem no continente e levantá-la apenas no destino final. A criação da linha laranja (ligação entre São Roque do Pico e Velas) não deixa de ser positiva, mas fica aquém das necessidades e representa ainda uma visão estreita e limitativa. A implementação do passe intermodal e as necessárias infraestruturas de apoio, representariam uma solução cabal e decisiva para o desenvolvimento da ilha.
- A valorização de salários, nomeadamente o aumento do acréscimo regional ao salário mínimo nacional de 5% para 7,5%, e o aumento da remuneração complementar em 15%;
- Um plano de políticas públicas para a fixação e captação de população nas ilhas em processo de despovoamento;
- A criação de um Posei Transportes. O PCP continua a bater-se por esta medida fundamental para a resolução dos entraves à circulação e abastecimento de mercadoria à ilha;
- A valorização do preço pago ao produtor por litro de leite e dos salários dos operários dedicados à produção e expedição do Queijo São Jorge, de modo a fixar população, sobretudo jovem, no principal setor económico da ilha;
- O estabelecimento de um teto máximo para o preço dos combustíveis;
- O apoio ao escoamento dos produtos;
- A construção de um novo centro de saúde nas Velas. O PCP continuará a manifestar-se contra a “solução” encontrada pelo Governo do PS e agora defendida pela Governo de Coligação – PSD, CDS, PPM;
- O apoio à construção de vias terrestres de acesso à vila das Velas.
Para o PCP é preciso avançar com medidas concretas para fazer face a esta crise económica, defendendo a produção regional e diminuindo a dependência externa, dinamizando e diversificando o mercado interno, afirmando o direito à mobilidade e o direito a viver na própria ilha. Muitas das referidas medidas dependem da vontade política do Governo Regional, mas este parece querer continuar a ignorar os problemas e as necessidades da população jorgense, manifestando uma crescente falta de estratégia e de rumo.
A luta das populações e dos trabalhadores certamente virá dar um contributo decisivo para que o Governo decida sair da sua inércia e finalmente tomar alguma ação em favor do desenvolvimento de São Jorge.
Comissão de ilha de São Jorge do PCP