Que futuro reserva o Governo Regional para a SINAGA?
É conhecida publicamente a grave situação económico-financeira da SINAGA, uma situação que se arrasta e degrada desde há muito e a principal razão tem sido o total desinvestimento, primeiro pelo capital privado depois pela governação regional.
Quando adquiriu a maioria do capital desta empresa essencial para a nossa economia produtiva, o Governo Regional assumiu uma grande responsabilidade pela única agroindústria (não-leiteira da região), uma empresa centenária e emblemática. O Governo agiu supostamente para salvá-la e salvaguardar os postos de trabalho e este importante setor produtivo com cerca de 200 produtores de beterraba.
Mas a decadência da empresa manteve-se e agravou-se. Nem um tostão foi investido, desde há muitos anos, em equipamentos, infraestruturas, maquinaria ou formação profissional de novos trabalhadores, substitutos dos que se foram reformando.
São os trabalhadores que têm mantido viva a SINAGA, fazendo tudo o que é possível, e mesmo o impossível, incluindo abdicar de aumentos salariais para garantir a sobrevivência da empresa.
Resultado: a SINAGA está à beira do colapso devido à inércia e falta de estratégia do governo e da administração. Está em causa o presente e o futuro da empresa.
O PCP exige medidas de emergência ao governo regional! Que projectos tem o Governo Regional para esta empresa?
O PCP propôs na Assembleia Regional, pelo segundo ano consecutivo, no âmbito do Plano e Orçamento, a construção de uma nova fábrica para a SINAGA, uma solução que já deveria ter avançado há muitos anos para que este importante setor produtivo tivesse continuidade.
O PCP exige explicações! Porque é que o PS e o seu Governo obstaculizam soluções e esta em particular, quando votam contra a sua viabilidade? Também não se entende a abstenção do CDS e do BE, que com esta atitude se tornaram cúmplices da política de abandono da SINAGA.
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Porquê tantos milhões para as empresas privadas, previstos num imenso saco azul, e para este sector e esta empresa nada de investimentos?!!
Para construir uma nova fábrica serão necessários alguns anos, não apenas para a sua construção, mas também para a formação profissional dos trabalhadores, para implementar novos métodos de produção e qualidade, absorvendo também a experiência adquirida. Quanto mais tempo for perdido mais difícil será a sobrevivência da SINAGA. Do que se está à espera?
Nunca foi explicada a razão pela qual esta nova fábrica, tendo estado prevista nos projectos a serem financiados pelo POSEI em 2010, com 30 milhões de Euros nunca avançou, para mais sendo financiada em grande parte pelos fundos comunitários?
E porque não inclui-la, desde já, no Quadro Comunitário de Apoio 2014-2020?
Não será certamente por falta de activos e património da empresa que não se poderá assegurar a viabilização deste projecto. Para uma nova fábrica podem ser aproveitadas imensas sinergias que reduzirão significativamente os custos de produção.
Uma das propostas já consideradas é que esta nova fábrica pode ser construída junto ao Pico Vermelho na Ribeira Grande, com maior aproveitamento de energia geotérmica e também de água.
É incompreensível, no mínimo, quando o mercado internacional do açúcar está em alta, quando é necessário dar resposta à procura interna, não apenas de açúcar mas também de outros produtos derivados como o álcool, alcalinos para terrenos agrícolas entre outros não se modernize a açucareira regional.
A SINAGA poderá ser uma empresa de grande rentabilidade, uma empresa com grande importância económica e social para os Açores.
Caso se extinguisse, estariam em causa mais de cem postos de trabalho, reduzindo ainda mais a nossa produção agrícola, acabando com a produção de beterraba de cerca de 200 produtores, deixar morrer a SINAGA é um crime económico e social.
O PCP apela aos trabalhadores, aos produtores, à população que reclame do Governo Regional medidas urgentes para viabilizar o futuro da SINAGA, antes que seja tarde demais e se venha com a conversa de que já não há mais nada a fazer.
O investimento numa nova fabrica não só irá resolver os problemas da região no abastecimento do açúcar, mas sobretudo manter os actuais trabalhadores e produtores e ainda criar mais emprego e mais oportunidades para que outros produtores também comecem a produzir beterraba.
Será mais um forte impulso na recuperação da nossa tão depauperada economia.
A Representação Parlamentar do PCP irá questionar o Governo Regional, através de perguntas escritas, sobre a SINAGA e o seu futuro.
A Direcção Regional de PCP/Açores
Ponta Delgada, 5 de Dezembro de 2013.