A deputada do PCP ao Parlamento Europeu iniciou a sua visita à Região na ilha do Pico com uma reunião com a Associação Agrícola do Pico, acompanhada por diversos membros da lista que se candidata ao círculo eleitoral do Pico. Entre outros contatos com a população, a deputada encontrou as ex-trabalhadoras da COFACO, às quais garantiu que o PCP e a CDU estavam longe de desistir desta luta, dando a conhecer as atividades desenvolvidas no Parlamento Europeu para obter a intervenção da Comissão Europeia no assunto, de forma a apoiar os rendimentos destas trabalhadoras, facilitar os seus processos de transição e apoiar o seu regresso ao trabalho.
No dia seguinte Sandra Pereira deslocou-se para a ilha de São Jorge, acompanhada pelo primeiro candidato da CDU este círculo eleitoral. Também aqui, para além da visita à fábrica conserveira Santa Catarina e à FINISTERRA- Cooperativa de Laticínios do Topo, ocorreram vários contatos com a população.
Finalmente, no dia 23, em conjunto com o primeiro candidato da lista para o círculo eleitoral de São Miguel, a deputada reuniu com a direção Federação Agrícola dos Açores e da Associação Agrícola de São Miguel.
Na conferência de imprensa que se seguiu, Sandra Pereira apresentou um balanço da sua visita, focando as principais áreas de intervenção identificadas, que tanto serão objeto da atividade do Grupo parlamentar do PCP no Parlamento Europeu quanto dos deputados ao Parlamento Regional que a CDU espera eleger no dia 25 de outubro.
Em qualquer uma das ilhas visitadas, é urgente a adoção de políticas que tutelem a produção regional, sem a qual nenhum desenvolvimento e estabilidade social é possível. Tanto as pescas, como a pequena e média agricultura que carateriza o Arquipélago, devem ser sustentadas como um todo – por exemplo opondo-se ao corte previsto no POSEI e, pelo contrário, procurando incluir neste programa a área dos transportes, que em qualquer setor produtivo contatado é identificado como um dos maiores constrangimentos – mas tendo também em conta a especificidade de cada ilha.
No Pico, por exemplo, o barco que efetua o escoamento da carne deveria ser à quarta ou quinta-feira, e não à segunda-feira como atualmente, dado que o matadouro está fechado ao fim-de-semana. É urgente o investimento nos acessos agrícolas e no fornecimento de água, bem como uma intervenção que garanta preços iguais aos de São Miguel e da Terceira no que diz respeito às rações ou a outros fatores de produção.
Já em São Jorge, onde 100% do leite produzido é utilizado no fabrico de queijo, é urgente uma ação de promoção e marketing que, com o apoio do governo regional, garanta a sua maior rentabilização. Obviamente, para que os produtores e a inteira fileira dos lacticínios vejam melhorados os seus rendimentos, importa opor-se à lógica liberal que tornou a comercialização da produção agroalimentar uma cotada das grandes superfícies. Na sua ânsia de lucros imediatos e a todo o custo, as grandes cadeias têm ditado a desvalorização de um queijo de tão grande qualidade como é o de São Jorge, com grandes danos para os produtores, colocado até problemas sérios ao seu escoamento, com efeitos extremamente negativos na economia da ilha.
Na Santa Catarina foram analisados problemas, constrangimentos e perspetivas de futuro desta unidade fabril, cujo papel é fundamental na economia da ilha e da Região, como a CDU desde há muito tem vindo a sublinhar. Para além da intervenção estrutural que é precisa no âmbito regional, torna-se essencial que os representantes de Portugal no Parlamento Europeu mantenham uma ação decidida, em conjunto com os deputados de outros países do Sul da Europa, para evitar o desastroso cenário que se depararia à indústria conserveira europeia se não se travasse a abertura dos nossos mercados àqueles países terceiros que se preparam para dominar este sector propondo produtos vendidos a preços baixíssimos.
A CDU continuará, como tem feito até aqui, a bater-se para que empresas com as caraterísticas e as especificidades da Santa Catarina tenham o merecido apoio, enquanto alavancas de economias ultraperiféricas, cujos produtos, contudo, são de alta qualidade, garantindo ainda a tão apregoada gestão sustentável dos recursos marinhos, dadas as técnicas de captura não predadoras praticadas pela pesca local. É também fundamental que o Governo Regional tome posição, para que a Santa Catarina consiga recorrer aos apoios comunitários. O facto de ser uma empresa publica não pode colocá-la em situação de desvantagem relativamente às empresas privadas. Trata-se de mais uma perversão da lógica dominante na União Europeia, que não reconhece a empresas públicas de grande interesse económico e social para os territórios onde se inserem, o direito à igualdade de tratamento.
Dos contactos tidos com a população das diferentes ilhas, emergiram ainda duas outras questões que repetidamente a CDU tem levantado: a do direito à mobilidade, que passa naturalmente pelo reforço dos transportes aéreos e marítimos, e por um efetivo e eficaz plano integrado de transportes, e a do direito à saúde, que apenas é possível garantir reforçando o serviço se saúde público, e defendendo-o contra a ofensiva dos grandes grupos económicos privados.
Relativamente a estas questões, tanto ao nível do Parlamento Europeu, como na Assembleia da República e na Assembleia Regional dos Açores, a CDU foi, é e será porta-voz ativa e coerente destas justas revindicações.