Na visita às ilhas de São Jorge e do Pico, decorrida nos dias de 21 e 22, a candidatada CDU ao Parlamento Europeu residente nos Açores, Catia Benedetti, teve a oportunidade de conversar com numerosos habitantes, e em particular comerciantes e pequenos empresários. Por um lado, procurou-se ouvir as principais preocupações sentidas pelas pessoas, mas também demonstrar como às dificuldades concretas que se avolumam em diversas áreas não são alheias as diretrizes políticas emanadas pela União Europeia (às quais, é certo, tanto o governo regional como o da República aderem, em geral, sem se preocupar grandemente com os interesses reais da população.
Em dois setores – a agricultura e os transportes - tais política se revelam particularmente negativas.
No primeiro caso, porque como é claro já há muito tempo, o direito à produção da pequena e média agricultura (e, com ela, da indústria transformadora) vem sendo crescentemente cerceado. À liberalização dos mercados – que, contrariamente ao que foi tantas vezes prometido, só veio trazer o esmagamento dos preços e dos rendimentos, com o consequente encerramento de inumeráveis unidades produtivas -, as políticas monetária juntaram taxas de juros proibitivas.
Relativamente aos transportes, que afetam transversalmente os diversos setores económicos (e não só estes, mas a própria vivência diária das pessoas), verifica-se uma pressão abnorme para impor sucessivas privatizações, ao mesmo tempo que se impede aos decisores políticos de cada região ou país de praticar quaisquer ações em favor de companhias públicas. Assim, nos Açores, nem o malograr-se do primeiro concurso demoveu o governo regional da intenção de privatizar a Azores Airlines: e estas intenções têm sempre, como justificação, “as regras de Bruxelas”. Ora, se no primeiro caderno de encargos as garantias apenas cobriam 30 meses, ninguém sabe o que um novo caderno de encargos trará: mas, se for o mercado a mandar, é desde já evidente que ilhas como as do Triângulo dificilmente serão beneficiadas. Mais uma incerteza vem pesar no horizonte dos açorianos.
Estas e outra questões relativas às políticas europeias foram discutidas: o que também resultou evidente é um desencanto enorme, e um crescente sentimento de distância entre a realidade vivida e a propaganda oficial. No entanto, foi sublinhado como o imobilismo e a falta de posicionamento não só não resolvem os problemas, mas até os agravam, deixando que o espaço de decisão seja ocupado por partidos que mal chegam ao parlamento abdicam dos interesses do seu pais (ou região) juntando-se à agenda das suas respetivas famílias política. O voto na CDU exprime um diferente entendimento, e neste sentido foi reforçado apelo à participação esclarecida no ato eleitoral eu se avizinha.