A situação que se vive na área da Saúde, tanto no SNS como no Serviço Regional de Saúde, agrava-se de dia para dia. O PCP Açores tem vindo repetidamente a denunciar a falta de resposta aos utentes. A falta de rumo, estratégia e planificação, e o desinvestimento no SRS, fazem com que os açorianos tenham o acesso cada vez mais dificultado aos cuidados médicos de que precisam, devido ao aumento das listas de espera para consultas de especialidade e cirurgias, bem como à falta de médicos, enfermeiros, técnicos e assistentes operacionais. É impossível esconder a desvalorização destes profissionais, tanto em matéria salarial, quanto em termos de estabilidade do posto de trabalho e de incentivos à sua fixação.
O incêndio que devastou o Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, deixou o Arquipélago numa situação extremamente difícil, de enorme incerteza sobre o projeto de reconstrução, os custos e o tempo estimado. Enquanto ninguém sabe ao certo o que esperar relativamente à reposição da normalidade na prestação dos cuidados de saúde aos açorianos, coloca-se um conjunto de perguntas que não podem deixar de ser feitas.
Por que motivo é que não se investe no SRS? Por que motivos não se investe no reforço dos incentivos à fixação de médicos e enfermeiros na Região? Por que motivos não se contratam mais técnicos de diagnóstico, assistentes administrativos e assistentes operacionais? Por que motivo se mantém a precariedade com contratos e falsos recibos verdes? Por que motivo não existe a manutenção dos edifícios e equipamentos que prestam serviços aos utentes?
Tendo em conta o investimento feito pelo Governo Regional na construção do Hospital privado da Lagoa, quando este foi vendido à CUF não existiram contrapartidas que permitissem o reforço do SRS?
São estas as perguntas às quais o Governo Regional não responde, não querendo enfrentar os problemas que põem em causa o direito à saúde dos açorianos.
O PCP volta a afirmar a necessidade de um sério investimento na Saúde, assegurando salários dignos, vínculos permanentes e justos direitos laborais, equipamentos e infraestruturas com manutenção regular e novos equipamentos: só assim será possível que os açorianos tenham médico de família, consultas de especialidade ou exames de diagnóstico.
Continua-se a fazer de conta que tudo está bem, que não se passa nada. Mas, na realidade, e como todos sabemos, a situação não deixa espaço para ilusões.
A responsabilidade é da atual política de direita que subfinancia o SRS e deixa os utentes sem resposta. Estas são as escolhas de PSD, CDS-PP e PPM que governam a Região, mas também as do CHEGA, da IL, do PAN e do PS, que de diversas maneiras lhe permitem continuar a fazê-lo.
Todos diziam que perante o incêndio do HDES era necessário tomar medidas, mas o que se confirma é que as soluções encontradas são insuficientes e não reforçam nem defendem o Serviço Regional de Saúde. Só a intervenção organizada e a luta dos trabalhadores e das populações poderão travar o descalabro presente e as consequências dramáticas que o abandono do SRS poderá ter no futuro.
DORAA
5/07/2024