Antes foi a gripe das aves. Em 2009 a gripe A. Este ano o nome é mais estranho: “E-Coli”. O alarme geral soou, accionado por acreditados especialistas em matéria de saúde pública (desconhecidos até à data…), e perante o quais o exército da informação mundial e dos governos todos eles se mobilizaram para ajudar os infectados e prevenir a infecção, tentando cada jornal, estação de rádio ou televisiva, cada comentador ou ministro da saúde, por igual, e servindo-se de terminologia semelhante, dar o seu contributo (o mais das vezes acrítico) para defender os cidadãos do seu país e o mundo de um perigo comum que, repentinamente, a todos ameaça.
O que se vem constatando entretanto, é que cada vez mais vezes, sendo apresentados como tal, se verifica depois não estarmos perante casos graves (pelo menos tão graves) e extraordinários de saúde pública. A gripe das aves atingiu meia dúzia de cidadãos no mundo. A gripe A era apenas mais uma de entre tantas outras. A estranha E-Coli afinal é a escherichia coli, uma bactéria vulgar que provoca múltiplas infecções e diarreias há séculos em tudo quanto é gente (as quais até possuem nomes próprios e bem conhecidos, derivados do seu agente microbiano - as colites e as cólicas).
Mas o que se verifica também é que, por muito falso que se constate afinal ter sido o perigo anunciado e replicado, já nada se poderá fazer para remediar os prejuízos sociais decorrentes do pânico que, maior ou menor, mais ou menos subjectivo, entretanto se instalou e propagou nas comunidades. Já nada se poderá fazer para anular o estímulo induzido às pessoas, em cada região ou país e pelo mundo fora, durante um período determinado de tempo, para, face ao falso perigo anunciado, assumirem colectivamente, e por igual, de forma enganosa, um conjunto de comportamentos e atitudes de vida, consumos e despesas extra (produtos alimentares, medicamentos, vacinas e máscaras por exemplo, só para falar dos mais directos) que resultaram em negócios chorudos para alguns e em prejuízos para milhões ou mesmo biliões de seres humanos! E ninguém é descoberto, incriminado e preso por isso…
O mesmo se passa com o pânico criado à volta das dívidas soberanas. Estas repentina e inexplicavelmente assumiram uma gravidade tão assustadora que, segundo os especialistas (a proliferar como coelhos), obrigam inevitavelmente à tomada de medidas extraordinárias profundamente recessivas, privatizadoras, socialmente empobrecedoras e anuladoras de um largo leque de direitos de cidadania ou mesmo civilizacionais.
Nada mais enganoso no entanto! Excluída a especulação, nem as dívidas de facto se agravaram assim tanto como é dito e repetido vezes sem fim, nem as medidas recessivas e privatizadoras serão alguma vez capazes de gerar crescimento económico e riqueza - a condição absoluta e única que permitirá saldá-las!
Para além das campainhas que já soam na Itália e na Espanha, a Moody’s (cujos alarmes o Presidente da República, do alto da sua arrogante e infalível sapiência, considerava antes normais e respeitáveis) pareceu estar a dizer isto mesmo quando agora, além de o ter feito aos irlandeses e gregos, aplicou pela mesma medida um murro no estômago daquele que se acha diferente e bem comportadinho: Passos Coelho!
O tal que, dias antes, pretendendo-se mostrar, como pugilista, mais exímio que a troika, tinha, por sua vez, acabado de enfiar no estômago de milhões de portugueses um directo de 50% sobre o equivalente ao subsídio de Natal…
Mas o que se verifica também é que, por muito falso que se constate afinal ter sido o perigo anunciado e replicado, já nada se poderá fazer para remediar os prejuízos sociais decorrentes do pânico que, maior ou menor, mais ou menos subjectivo, entretanto se instalou e propagou nas comunidades. Já nada se poderá fazer para anular o estímulo induzido às pessoas, em cada região ou país e pelo mundo fora, durante um período determinado de tempo, para, face ao falso perigo anunciado, assumirem colectivamente, e por igual, de forma enganosa, um conjunto de comportamentos e atitudes de vida, consumos e despesas extra (produtos alimentares, medicamentos, vacinas e máscaras por exemplo, só para falar dos mais directos) que resultaram em negócios chorudos para alguns e em prejuízos para milhões ou mesmo biliões de seres humanos! E ninguém é descoberto, incriminado e preso por isso…
O mesmo se passa com o pânico criado à volta das dívidas soberanas. Estas repentina e inexplicavelmente assumiram uma gravidade tão assustadora que, segundo os especialistas (a proliferar como coelhos), obrigam inevitavelmente à tomada de medidas extraordinárias profundamente recessivas, privatizadoras, socialmente empobrecedoras e anuladoras de um largo leque de direitos de cidadania ou mesmo civilizacionais.
Nada mais enganoso no entanto! Excluída a especulação, nem as dívidas de facto se agravaram assim tanto como é dito e repetido vezes sem fim, nem as medidas recessivas e privatizadoras serão alguma vez capazes de gerar crescimento económico e riqueza - a condição absoluta e única que permitirá saldá-las!
Para além das campainhas que já soam na Itália e na Espanha, a Moody’s (cujos alarmes o Presidente da República, do alto da sua arrogante e infalível sapiência, considerava antes normais e respeitáveis) pareceu estar a dizer isto mesmo quando agora, além de o ter feito aos irlandeses e gregos, aplicou pela mesma medida um murro no estômago daquele que se acha diferente e bem comportadinho: Passos Coelho!
O tal que, dias antes, pretendendo-se mostrar, como pugilista, mais exímio que a troika, tinha, por sua vez, acabado de enfiar no estômago de milhões de portugueses um directo de 50% sobre o equivalente ao subsídio de Natal…
Mário Abrantes