E assim, as medidas (sobretudo as MEDIDAS) que, assumindo carácter criminoso até nalguns casos (como foi os das Golden Shares ou será o das privatizações), pouco importa se são eficazes para tapar dívida alguma (deixando até em dúvida ser essa a justificação de umas tantas), ficam no entanto “justificadas” à partida, e podem até ir mais longe que o inicialmente acordado, porque se vão apresentando como sendo para pagar uma dívida crescente e florescente que ao povo vai sendo indexada e da qual este não tinha consciência antes. Basta aos cúmplices anunciar que afinal se descobriu mais um buraco de dois mil milhões, e mais medidas haverá que tomar. Basta aos cúmplices “detectar” mais um deslize no défice público de um qualquer trimestre, que as medidas acrescentadas aí estão para o tapar, em 2011, em 2012, em 2013 e por aí fora…
Mas os cúmplices portugueses deste negócio desastroso para Portugal, não assumiram sozinhos a sua cumplicidade, arrastaram consigo os restantes dirigentes dos seus partidos. A César, a Berta Cabral e a Artur Lima assistia-lhes a possibilidade de, defendendo a Autonomia Constitucional, se desvincularem de um compromisso essencialmente anti-patriótico e ofensivo para a Região, para o seu Estatuto Autonómico e para a Lei de Finanças Regionais. Não foram obrigados por ninguém. Optaram por abraçar de livre iniciativa, também eles, o acordo para o negócio…e para as medidas!
Será de estranhar então o silêncio complacente e sobranceiro de um Passos Coelho, perante a pretensão exibida por César em Lisboa de que as receitas do imposto extraordinário fiquem na Região? E, tendo legitimidade para o fazer, será César capaz de lutar consequentemente por um tal objectivo, sem romper com a sua livre adesão pessoal e partidária a um negócio e a medidas que prevêem exactamente o inverso?
E o emprego e a criação de mais postos de trabalho que Berta Cabral mais uma vez reivindicou, agora nas Flores, como alternativa à política do governo regional? Por quanto tempo conseguirá Berta manter este discurso surrealista e oportunista cujo sinal é absolutamente inverso ao do negócio e às medidas que, também ela, abraçou de livre e espontânea vontade?
Tal como Macário Correia em relação às portagens no Algarve, hoje a conversa é uma, amanhã será outra…Mas as MEDIDAS, essas, são para cumprir enquanto a burra se aguentar sobre as patas!
Mário Abrantes