Tenho seguido, como todos nós, a questão do fecho de diversas
maternidades no Continente.
Confesso desde já que esta questão me deixa perplexo.
Como é possível pensar-se que o equilíbrio financeiro do Serviço
Nacional de Saúde deve ser procurado na diminuição da quantidade e da
qualidade dos serviços tão essenciais, como são os serviços de
Obstetrícia dos Hospitais?
Como é possível imaginar que cidades como Barcelos, Figueira, Elvas, Santo Tirso e várias outras, que dispõem de estruturas hospitalares públicas vão deixar de ter Maternidades?
Que tipo de economia concentracionista é esta?
Quando a tendência deveria ser a de, com qualidade, descentralizar este tipo de serviços públicos o que leva este Governo a proceder assim?
Estará à procura de que sejam abertas Maternidades privadas nessas cidades?
Que contas fez o Ministro Campos para chegar a esta conclusão?
Mil partos por ano, como acontece em Barcelos é pouco para que exista uma Maternidade?
Quem é que o Governo engana com uma afirmação dessas?
Espero bem e digo isto com muita convicção que o Governo Regional dos Açores não só não procure encarar nenhum dos serviços de obstetrícia existentes neste arquipélago, como não abandone a linha de criar unidades prestadoras de cuidados intermédios de saúde em ilhas que, pela sua população e dimensão, delas carecem.
Os maus exemplos continentais não são para copiar.
José Decq Mota em Crónicas d’Aquém no Açoriano Oriental