Nos últimos meses quase só se fala da crise. Percebe-se que assim seja, pois o que se está a passar ultrapassa muito uma mera crise económica e financeira e situa-se no plano de uma profunda luta política e ideológica, na qual os detentores do poder na Europa e os EUA, agindo em obediência ao grande capital financeiro internacional, estão a procurar impor o reforço da exploração com a eliminação de conquistas civilizacionais e direitos sociais e laborais conquistados no século XX.
Não obstante isso, o certo é que continuam a existir muitas situações que marcam a vivencia quotidiana das comunidades e que não podem deixar de merecer atenção e debate. Penso que estão nesta “categoria” todas as questões que se prendem com as Regiões Ultraperiféricas da União Europeia. Penso mesmo que estas questões ganham, nos dias de hoje, maior pertinência e actualidade, na exacta medida em que a União Europeia, envolvida até à medula na tentativa reaccionária de fazer retroceder o Mundo, tem cada vez menos condições objectivas e menos vontade política para reconhecer situações específicas, como são aquelas que marcam as Regiões Ultraperiféricas (RUP).
Há poucos dias realizou-se um encontro de todas as RUP, que me pareceu querer atenuar a crescente falta de vontade da Europa dos 27 em equacionar de forma adequada toda a acção que deve ser desenvolvida para enfrentar as questões permanentes que resultam dos custos acrescidos gerados pela distância a que estão essas regiões.
Não conheço ainda em pormenor as conclusões dessa conferência, mas ouvi na RTP/A o Presidente do Governo Regional dos Açores e pareceu-me que ele procura valorizar os esforços das RUP para evitarem mais marginalização. Será que o futuro político de Carlos César passa por esse esforço?
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 7 de Novembro de 2011