As desigualdades económico-sociais marcam de forma demasiado profunda a
sociedade onde vivemos. Vivemos na parte rica do Mundo. Somos parte
dessa forma de desenvolvimento do capitalismo que assenta no conceito
qualitativamente vazio de “sociedade de consumo”. Consumimos com os
meios que temos e com os meios que não temos mas que nos são facultados
a preço de oiro.
Ficamos amarrados a vida toda ao que devemos. Devemos quase sempre mais do que temos. Somos, neste País, parte de uma sociedade consumista mas com baixos salários…. Estamos na parte rica do Mundo mas, mesmo aqui, os ricos são muito poucos.
Esta sociedade, que nos teimam em vender como sendo “sociedade ideal”, tem duas faixas dissonantes da maioria. Uma faixa numérica e percentualmente pequena que centraliza, em si, grande parte dos meios e do poder económico. Uma outra faixa, esta crescente, dos excluídos da “sociedade de consumo” por total e completa carência de meios.
A maioria – os falsos remediados – vivem como podem; a pequena maioria possidente – os ricos, novos-ricos e os sempre ricos – vivem como gostam e como muito bem querem; a minoria crescente dos marginalizados vivem assim mesmo, ou seja cada vez mais à margem.
Como é possível que nos conformemos com isto.
Porque é que é aceite, como dogma absoluto, que tem que ser assim?
O que é que falta O que é que nos falta para nos convencermos que não só é desejável, mas que é necessário e que é possível alterar isto?
É este o problema social do nosso tempo e do nosso espaço?
José Decq Mota em Crónicas d’Aquém no Açoriano Oriental