
Quero aqui registar que foi um dia feliz para mim. Depois de muitos anos de denúncias, lutas, debates, avanços e recuos, foi possível em 2006 aprovar na Assembleia da Republica uma lei eleitoral regional que defende o peso de cada ilha e que assegura, no essencial, a proporcionalidade geral. Com esta lei não voltará a acontecer, como em 1996, um partido ter mais 5000 votos que outro e ter o mesmo numero de mandatos; quem tiver votos para isso, no plano geral, não deixará de ter representação, como aconteceu com o meu partido em 76, 80 e 04.
Neste momento em que se começa a executar uma lei eleitoral regional justa é importante referir que este tema esteve em debate mais de uma dúzia de anos e que houve sempre duas posições dentro dos dois partidos maiores: aqueles que queriam corrigir a proporcionalidade mas limitar a representatividade e aqueles que queriam corrigir a proporcionalidade assegurando uma representatividade larga apenas dependente do voto. O PCP teve sempre uma muito clara posição a favor da proporcionalidade e representatividade. A Direcção do PS, liderada por Carlos César, resolveu e bem em 2004 que a posição do PS fosse essa, o que veio a possibilitar a aprovação da lei. Ficaram isolados o PSD e os “bipartidaristas” do PS.
José Decq Mota no Jornal "Açoriano Oriental" em 28 de Agosto de 2008