Como para mim tudo isto é óbvio fiquei um tanto espantado quando, por estes dias, verifiquei que para o Presidente do PS Açores tais factos não são assim tão óbvios. E tanto não são que tal alta entidade mandou afixar em toda a Região um cartaz onde é citado dizendo “que bom é ser açoriano”. Esclarecida a dúvida fica-nos outras, sendo que a principal se prende mesmo com a lógica daquele cartaz.
Estamos perante um cartaz de pré-campanha do partido maioritário na Região que nos vem dizer o que é evidente para todos, de todos os partidos, em vez de transmitir à sociedade uma mensagem com conteúdo dependente da política que se promove.
Das duas uma: ou o partido maioritário não quer aproveitar a campanha eleitoral para debater politicas e apresentar propostas, ou quer que seja dado um sentido próprio, exclusivista, distorcido e impróprio á expressão utilizada.
Excluindo, por absurda, a segunda hipótese fica a preocupação de que haja a ideia de procurar esvaziar o debate pré eleitoral.
Sendo este o primeiro acto eleitoral regional feito com uma lei tendencialmente justa, mau seria que a campanha fosse esvaziada de conteúdo e de amplo debate. Temos hoje uma lei eleitoral regional que corrige os graves defeitos da que sempre existiu, porque, nomeadamente o PS e o PCP assim o quiseram. Resta agora que esta lei, boa tradutora da vontade popular expressa em votos, seja instrumento de decisões assentes numa boa, livre e participada campanha eleitoral.
José Decq Mota no Jornal “Diário Insular” de 26 de Agosto de 2008