O coordenador do PCP Açores, Marco Varela, deslocou-se nos dias 12, 13 e 14 de dezembro à ilha do Corvo para aprofundar o conhecimento dos problemas e das expectativas dos corvinos, para poder contribuir a lhes dar voz, e também para apresentar o conjunto de propostas que o PCP tem para as diversas áreas, na certeza de que as mesmas vão ao encontro das necessidades e preocupações da população da ilha.
Para além de diversos contactos com trabalhadores e população, foram realizadas reuniões com a Associação Humanitária de Bombeiros do Corvo, com o Presidente da Câmara Municipal do Corvo e com a Sociedade Filarmónica Lira Corvense, bem como uma reunião com o eleito municipal, militantes e os ativistas da CDU. Em qualquer uma destas reuniões, foi mais uma vez evidenciado o avolumar-se das dificuldades sentidas pelos trabalhadores e pela população em geral, devido aos baixos salários e pensões e ao aumento do custo de vida. O que se evidencia, e é comum a todas as instituições com que o PCP reuniu, é a falta de resposta ou a resposta insuficiente aos problemas, e a perceção de que o Plano e Orçamento da Região Autónoma dos Açores, que tem um corte em cerca 50% nas verbas atribuídas à ilha do Corvo comparativamente com o PORAA de 2022, representa por si um claro desinvestimento na ilha. iremos estar atendo a sua execução. Na visita estatutária à ilha realizada pelo Governo Regional, ainda mais claro ficou que a enunciação de um conjunto de palavras como transparência, rigor e diálogo é mera retórica, já que a prática contradiz justamente estes valores.
Da reunião com a Associação de Bombeiros Humanitários do Corvo destaca-se que foi anunciada a remodelação do quartel dos bombeiros, uma obra necessária e importante, mas que nem antes, nem durante a visita do governo houve tempo para reunir com a Direção da Associação para apresentar o projeto, como se não fosse essencial ouvir a opinião de quem nesse quartel irá trabalhar.
Da reunião com o Sr. Presidente da Câmara Municipal do Corvo emergiu a falta de diálogo, e o abandono de projetos por parte do Governo Regional, nomeadamente a recuperação da habitação na parte antiga da vila e os projetos elaborados pelo ecomuseu em parceria com a Câmara, que foram simplesmente metidos na gaveta.
Na cultura, como acontece em todas as ilhas, o desinvestimento é notório. Na reunião com a direção da Sociedade Filarmónica Lira Corvense foram focados os problemas resultantes das infraestruturas pré-fabricadas e precárias, com várias infiltrações de água e falta de isolamento. O PCP reitera que se pode olhar para a cultura, da qual fazem parte as nossas tradições, como um problema ou uma despesa, mas sim como um investimento no futuro, e sublinha a importância de se garantir que aquela transmissão de património que tem passado de gerações em gerações não se interrompa, pois, a perda seria irreversível.
Quanto à Unidade de Saúde da ilha do Corvo: em nome daquele “rigor” e daquela “transparência” tantas vezes invocados, em vez de afirmar que existem dois médicos a tempo inteiro seria correto dizer que a solução imposta aos corvinos, contra a sua vontade, é a de um medico que simultaneamente é presidente do Conselho de Administração da Unidade de Saúde, e que pouco tempo passa na ilha, sendo substituído nas suas ausências por outro profissional, contratado a uma empresa e não pertencente ao quadro da Unidade de Saúde.
Está melhor a saúde, na ilha do Corvo? Não, não está, à semelhança do que se verifica noutros setores, em que a desorganização dos serviços regionais é clara e flagrante. Existem situações caricatas, como existirem chefes e diretores regionais que não têm trabalhadores para executarem os trabalhos, assim como existem trabalhadores que, por não haver chefias ou direção que organizem e planifiquem o trabalho, não podem executar as suas funções.
Como em todas as ilhas, um dos problemas focados foi a questão da habitação. A fixação de casais jovens, professores e outros profissionais, esbarra sempre na falta de habitação, mas isto não parece preocupar o governo, empenhado apenas com a sua sobrevivência política, que comporta a cedência sistemática aos caprichos dos seus parceiros de coligação e leva à perda de qualquer transparência, rigor e diálogo.
O PCP vai continuar a lutar com os corvinos contra a tentativa de imposição de um pensamento único, e contra uma política que não promove o desenvolvimento da ilha mais limita-se ao mero tacticismo político. Para o PCP, é fundamental um maior investimento nos sectores produtivos e na cultura, e igualmente fundamental é que se encontrem soluções para os problemas da habitação. E, naturalmente, é essencial a recuperação de direitos e salários. O PCP vai continuar a defender as medidas estruturais que há muito propõe, na certeza de que dariam um forte contributo para o desenvolvimento da Região e da ilha do Corvo.
Horta, 14 de Dezembro de 2022
Gabinete de Imprensa do PCP/Açores