A Direção Regional do PCP Açores (DORAA) esteve reunida no sábado, dia 21 de janeiro, em Ponta Delgada, para analisar a situação política e social, tanto a nível nacional como regional e traçar as principais linhas de intervenção política do PCP para o ano de 2023.
Situação social regional
Na Região, a situação social e económica agrava-se de mês para mês, ou já de dia para dia.
Os dados conhecidos vêm provar o que há muito o PCP tem vindo a afirmar: em 2021 assistiu-se ao agravamento dos indicadores que avaliam as condições de vida e rendimentos dos açorianos, fixando-se assim em 25,1 % o risco de pobreza na Região. A este dado, indicando que o risco de pobreza já diz respeito a um quarto da população, junta-se agora outro igualmente grave: ficámos a saber que o indicador de sobrelotação das casas é o mais alto do Pais, fixando-se em 2022 em 13,5 %. Estes dois dados, conjugados com outros fatores, como o aumento de custo do crédito à habitação, do preço dos bens alimentares e das comunicações (+7,8 na fatura), demonstram bem as dificuldades que a Região atravessa, com tendência a agravarem-se, também devido à ausência de respostas, ou às respostas insuficientes dadas, quer por parte do Governo da República, quer pelo Governo Regional.
O PCP tem vindo apresentar um conjunto de propostas na Assembleia da República para fazer face à situação que se vive no Pais e na Região, e mais uma vez, PS, PSD, IL e Chega juntaram- se e votaram contra: veja-se o caso da proposta do PCP sobre o controlo dos preços e do cabaz de alimentos. Mas enquanto a população sofre, os bancos e os grandes grupos económicos acrescentam lucro aos lucros: os 6 maiores bancos acumularam 1,3 mil milhões de lucros, e as principais empresas cotadas em Bolsa mais de 2,3 mil milhões (NOS +34,5%, Jerónimo Martins
+40%, Galp +153%, Sonae +190%), anunciando assim lucros astronómicos enquanto cada vez mais trabalhadores empobrecem a trabalhar.
Justamente para permitir esses lucros absurdos aos grandes grupos económicos, está implantada uma política de baixos salários, exploração, desregulamentação de horários e precariedade generalizada – isto é, os ganhos desmedidos dos acionistas são pagos pela grande maioria das pessoas, que todos os dias se debatem com cada vez mais dificuldades.
Também nos Açores aumentam as desigualdades entre poucos privilegiados e a restante população, bem como entre as nove ilhas, enquanto a economia regional abranda.
O Governo Regional da coligação de direita, com o apoio parlamentar da extrema-direita, faz muito pouco para travar a perda de poder de compra da maioria dos açorianos, com iniciativas rodeadas de grande propaganda, mas que não têm um impacto real na estrutura económica da Região.
Ao contrário do que seria necessário, este governo atrasa os apoios financeiros aos projetos aprovados de muitas micro e pequenas empresas, que demoram mais de um ano para serem pagos, e persiste numa política de baixos salários e de precariedade. Continua a encarar as funções sociais, como a educação, a saúde e a cultura como um problema ou uma despesa, e não como o investimento essencial que são. Para além disso, este governo demonstra uma enorme falta de planeamento, que conduz à falta de resposta ou a respostas atabalhoadas e sem estratégia: basta pensar na falta de assistentes operacionais na educação, na saúde e noutros serviços regionais, ou na falta de médicos de família e enfermeiros, nomeadamente nas ilhas sem hospital. O facto de 25 mil açorianos não terem ainda médico de família fala por si.
Estamos perante um governo que persiste em focar-se somente na sua sobrevivência política, e que age principalmente em função de uma ou outra contestação, sem planeamento no que diz respeito ao enfrentar os problemas que afetam a larga maioria dos açorianos.
As justas reivindicações da luta dos trabalhadores e populações pelo direito a terem uma vida digna não são somente uma questão de justiça social, mas também indicam qual é a alavanca económica que mais possibilidade tem de inverter o ciclo de abrandamento económico que atravessamos.
O PCP Açores saúda a luta dos trabalhadores da administração publica regional, do sector do comércio e serviços, dos trabalhadores da COFACO, dos trabalhadores dos navios de investigação Arquipélago e Águas-vivas, da Atlanticoline, da LOTAÇOR, bem como as lutas das populações, nomeadamente a dos Pais contra a falta de assistentes operacionais nas escolas, e as manifestações em defesa do Teatro Micaelense, entre outras justas reivindicações.
O PCP Açores, para reforçar a sua intervenção em defesa dos trabalhadores, dos micro, pequenos e médios empresários, do sector produtivo e das populações, aprovou um plano anual de trabalho que passa pelo reforço do partido e da sua iniciativa política, que no decorrer deste ano estará organizado em torno dos lemas “Faz das injustiças força para lutar”; “Mais Força aos Trabalhadores” e “Viver melhor na nossa Terra”, incluindo toda uma série de ações de que daremos conta durante os próximos meses.
Estamos e estaremos, em cada concelho e em cada ilha, sempre do lado certo, ao lado dos trabalhadores e população, que lutam por uma vida melhor.
DORAA 24/01/2023