Entre 14 e 16 de Maio, Catia Benedetti, candidata da CDU ao Parlamento Europeu, deslocou-se para a ilha das Flores. Ao longo dos três dias, para além dos numerosos contactos com a população e das visitas às instalações portuárias das Lajes e de Santa Cruz, foram mantidas reuniões de trabalho com a associação ambientalista AmbiFlores, com a Associação Agrícola da Ilha das Flores, com a Associação dos Pescadores Florentinos e com a Fábrica de Lacticínios da Cooperativa Ocidental.
De qualquer uma destas reuniões emergiu a necessidade de sublinhar, face às políticas europeias, mas não só, a singularidade e a unicidade desta ilha, que constitui um caso de ultraperifericidade mesmo no seio de uma Região de por si ultraperiférica. Em realidades como as desta ilha, compreende-se bem como decisões tomadas à distância, sem ter em conta a extrema especificidade do sistema natural, humano e económico de algumas zonas da Europa, não só não representam um incentivo para aquele desenvolvimento sustentável que a União Europeia declara perseguir, mas funcionam em certos casos mesmo como entrave.
O delicado equilíbrio ente o homem e a natureza, que gerações de florentinos souberam gerar, mesmo em tempos recuados, enfrentando condições de vida e de trabalho bem mais árduas das atuais, pode vir a ser posto em discussão por escolhas fortemente questionáveis: para a CDU, a existência na ilha de uma Reserva da Biosfera, pode e deve ser muito mais do que um título do qual gabar-se, ou um simples chamariz de turistas.
Os casos concretos debatidos com cada um dos interlocutores foram numerosos, e, sem surpresa, demonstraram sempre que a interligação existente entre realidades económicas e ambientais é poucas vezes compreendida, tanto em termos de erros a evitar, quanto no que diz respeito às oportunidades que se deixam desaproveitadas. Só para citar um exemplo, a gestão e manutenção das áreas portuárias, com cais e gruas a deteriorarem-se, ou a dificuldade em garantir um eficiente sistema de frio, constituem um grave exemplo de desperdício de fundos.
A situação dos transportes, tanto aéreos como marítimos, continua a representar um enorme obstáculo oposto ao crescimento da economia e à liberdade de movimento das pessoas: com o início da época turística, as perspetivas que os florentinos encaram tenderão certamente a piorar. Mais uma vez, foi sublinhada pela CDU a oportunidade e a urgência da criação de um POSEI Transportes para a Região, de forma a facilitar a vida e o trabalho de quem mantém viva uma ilha de extraordinária beleza, corrigindo assimetrias gritantes que penalizam a produção local: para esclarecer o problema, baste um único exemplo: uma saca de ração é paga pelo agricultor florentino 1 euro a mais do que em São Miguel. Por outro lado, produtos de qualidade, como os lacticínios e o pescado, esbarram constantemente no problema dos transportes, perdendo-se assim os valores que, em condições normais e regulares de escoamento, seria possível realizar.
A visita as Flores reforça a convicção de que, num cenário em que a União Europeia se prepara para diminuir drasticamente os fundos dedicados à coesão, e a tornar o acesso aos mesmos ainda mais complexo e burocratizado, é ainda mais importante reforçar quem, como a CDU, se faz porta-voz das exigências das comunidades mais afastadas dos grandes centros de decisão.