Os Micaelenses que infelizmente se veem obrigados a recorrer dos serviços do Hospital confrontam-se com uma cada vez maior degradação da prestação de serviços, a começar pelo serviço de urgência, que está em rutura. E a situação irá ainda agravar-se a partir de 30 de Junho, com o encerramento das urgências dos Centros de Saúde da Ribeira Grande e do Nordeste.
As pessoas desesperam à espera de cirurgia. Assiste-se ao aumento exponencial das listas de espera, tanto para as pequenas cirurgias (que deixaram de ser feitas no Centro de Saúde, a pretexto de maior eficácia, sendo que desde então nenhuma mais se realizou, havendo doentes em risco, com lesões potencialmente malignas), quanto para as cirurgias mais complexas, para as quais já há muitos milhares de pessoas em lista de espera.
Faltam dezenas de funcionários. É uma vergonha para o Governo Regional, que não se pode desresponsabilizar. Faltam assistentes operacionais (que deveriam ser auxiliares de ação médica), médicos, enfermeiros, técnicos e outros especialistas. Os que restam já não aguentam mais, se não fosse o enorme esforço, dedicação e humanismo, esta situação seria muito mais grave.
É desumano, e mesmo ilegal, que estes profissionais façam turnos consecutivos, sem o descanso mínimo, para garantir os cuidados necessários aos doentes. Tudo isto é ainda agravado pelo miserável valor pago por hora suplementar, na prática estes funcionários encontram-se a trabalhar gratuitamente.
É uma vergonha que aos trabalhadores dos turnos noturnos sejam com frequência reduzidas as ceias, suplemento alimentar legítimo, e em parte pago pelos próprios trabalhadores, porque o Hospital não paga regularmente à empresa de catering.
É uma vergonha que faltem lençóis, toalhas e batas para doentes, e que a lavandaria tenha deixado de funcionar porque o Hospital não paga! E mais e mais se poderia referir, pois a dívida a fornecedores continua a crescer e tudo vai faltando...
Uma vergonha! O Governo Regional do PS provoca salários em atraso de funcionários do Hospital de Ponta Delgada!
Para cúmulo, sob orientação do Governo Regional, o Conselho de Administração do Hospital mandou parar o processamento de salários, que já estava feito sem cortes tal como decidiu o Tribunal Constitucional, e com o subsídio de férias pago na íntegra, levando a que os vencimentos apenas fossem pagos no dia 24, com prejuízo dos trabalhadores face a compromissos assumidos.
Este Governo não respeita quem trabalha nem os seus legítimos direitos. Esta situação é bem sintomática do descalabro financeiro do Hospital e da Região. Até hoje não lembraria a ninguém que o Governo Regional tivesse salários em atraso. E são os doentes que cada vez mais sofrem e sofrerão com esta inadmissível situação!
Afinal, para onde vai o Serviço Regional de Saúde?
A vida dos Açorianos e Açorianas está em risco!
Para que serve o Plano Regional de Saúde, quando se apressam reestruturações e medidas avulsas sem se avaliarem as consequências e o impacto na qualidade do serviço de saúde pública, que cada vez mais se degrada e coloca em risco a saúde dos açorianos e açorianas?
Porque não se ouvem os profissionais de Saúde e as populações quanto às medidas que impõem, e que só se conhecem à posteriori pelas piores razões?
Muita propaganda, “muita parra e pouca uva”, como diz o Povo.
Mas esta situação pode indiciar que outros interesses se levantam... Será que o objetivo é abrir espaço para o avanço do sistema de saúde privado, e obrigar novamente os Açorianos a pagar essa fatura, para além das taxas moderadoras que já muitos não podem pagar?
Porque se mantém e se aprofunda a grave situação financeira das unidades de saúde, e em particular dos hospitais? Tudo isto contrasta com as centenas de milhões de Euros atirados para cima de muitas empresas, particularmente dos grupos económicos regionais, sem que se vejam resultados, nomeadamente a criação de emprego. É, mais uma vez, uma questão de opções políticas.
É necessária, de facto, uma melhor gestão do sistema, é necessário combater o desperdício e melhorar a organização, a eficácia e a articulação dos vários níveis do SRS: mas a Saúde é fundamental e tem que ser prioridade no Orçamento Regional.
O subfinanciamento crónico do sistema é o problema de fundo com que se defronta o SRS, e é causa dos graves problemas que hoje se sentem de forma agravada.
É urgente sanear financeiramente o SRS, tal como o PCP/Açores tem vindo a reclamar insistentemente.
É preciso tomar medidas imediatas para dar resposta a esta dramática situação. Se o Governo Regional do PS não o fizer será responsabilizado pelas vidas que se perderem nestes tempos negros por que passa a maioria do nosso povo.
A Saúde é um direito! Sem Saúde nada feito!
A Comissão de Ilha de São Miguel do PCP
25 de Junho de 2014