RECICLAGEM – Ao fim de muitos alertas, de vários anos, contra uma prática flagrantemente injusta para os munícipes e de séria desatenção para com a sustentabilidade ambiental, finalmente a Câmara Municipal de Ponta Delgada parece disposta a alterar a sua política de recolha de resíduos sólidos urbanos (RSU). Em lugar de indexar ao consumo de água as taxas sobre a recolha indiferenciada dos resíduos sólidos urbanos, ignorando tanto as quantidades como quem os separa e quem os não separa para reciclagem, a Câmara manifestou a vontade de finalmente ensaiar a partir deste ano o método PAYT, um método de recolha individual em que esta é repartida por quatro ou cinco contentores e que aponta para a gratuitidade da recolha daqueles que são destinados a resíduos recicláveis e o pagamento proporcional daquele que se destina aos indiferenciados. Antes tarde do nunca, é o que resta dizer…
QUATRO VERGONHAS – Foi divulgado pela República na passada semana um “Barómetro” sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres no ano de 2018. Nos Açores elas ganham cerca de 140 € brutos em média menos do que eles, correspondendo, tal como a nível nacional, a cerca de 15% menos do que os homens. Uma vergonha.
Falta acrescentar que estamos a comparar salários médios brutos em Portugal entre 1010 (H) e 860 € (M), quando em Espanha por exemplo, o salário mínimo é de 900 €. Outra vergonha. Para além disto e com base nos valores atualmente disponíveis, verifica-se que o salário médio líquido no país é de 888 € enquanto nos Açores é de 806 €. Terceira vergonha. Voltando agora à descriminação salarial entre homens e mulheres, aplicando a diferença média de 15% por cento menos de salário para as mulheres, conclui-se estarmos perante uma ainda mais vergonhosa conclusão: o salário líquido médio de 785 € é o que ganham hoje as mulheres trabalhadoras nos Açores…
Alguém de boa fé pode achar justa e legítima a generalidade dos níveis salariais atualmente praticados tanto na região como no país?
P (AOS) SS NA SAÚDE – Entre remodelações nos Açores e greves nacionais por falta de investimentos do setor, o PS envolveu-se num autêntico saracoteio para tentar fazer aprovar o impossível: uma Lei de Bases para a Saúde mais justa que a atual mas que continue a deixar as portas deste serviço público escancaradas às PPP em que aos privados é permitido usufruir de superlucros em grande parte à custa do estado. Assim, foi ter com o PCP e o BE e como estes insistiram na garantia da gestão pública das unidades de saúde existentes, coisa que a sua proposta não assegura, resolveu mendigar essa lei junto do PSD que imediatamente, torpedeando compromissos já assumidos, exigiu não só manter como até reforçar a fórmula atual que permite a gestão privada do serviço público de saúde. Perante este novo insucesso, a bem da saúde dos portugueses, o PS vê-se assim praticamente forçado a regressar ao diálogo com a esquerda parlamentar.
Ora isto só acontece porque o PS não possui nenhuma “maioria parlamentar absolutamente inequívoca” como desejaria a sua responsável de campanha Ana Catarina Mendes.
INCENDIÁRIO – Tempo de verão é tempo de incendiários, mas este pega fogo à paz e alimenta a fogueira da guerra de forma unilateral, em nome do superior interesse dos Estados Unidos da América do Norte, durante todo o ano e em qualquer parte do mundo. O Presidente norte-americano e a sua equipa começaram pela Síria e, tendo-se dado mal, viraram-se para a Venezuela onde, criando um falso presidente, falharam diversas tentativas de desencadear o conflito, estando agora, após romper anteriores acordos, a apontar baterias para o Irão, às portas do qual concentram um já portentoso arsenal bélico.
Em constantes sobressaltos o mundo vai percebendo, pela sucessão dos países atingidos, que o combustível preferido deste incendiário é…o petróleo!
Artigo de opinião da autoria de Mário Abrantes