Nota à Comunicação Social
Balanço de 3 dias de visitas e trabalhos de Os Verdes nos Açores
Uma delegação da Direção Nacional do Partido Ecologista Os Verdes, incluindo a deputada Mariana Silva e os dirigentes Vera Correia e Victor Cavaco, deslocou-se aos Açores, nos passados dias 29 de fevereiro, 1 e 2 de março, para uma agenda de visitas e reuniões no âmbito do regular acompanhamento do PEV aos problemas e à realidade vivida no arquipélago.
Em São Miguel a jornada começou com uma visita à zona de implantação de uma pista ciclável no concelho da Lagoa, junto ao Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores. Os Verdes acompanhados pela Associação Amigos do Calhau, puderam verificar não só a destruição da estrutura lávica provocada pelas obras como a má decisão em implantar a infraestrutura numa zona junto à orla marítima, sujeita à ação do mar e às cada vez mais frequentes e destrutivas intempéries associados às alterações climáticas. Este é o memento em que se devem deixar de construir estruturas nas zonas costeiras e repensar o ordenamento
Questões de violação dos padrões de conservação da Natureza estiveram patentes na visita ao miradouro da Lagoa do Fogo decorrentes do previsto Projeto de requalificação do miradouro. Esta é uma matéria que Os Verdes já tinham colocado na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, através do deputado de PCP, João Paulo Corvelo. Tendo trocado algumas impressões com a Associação Amigos dos Açores, Os Verdes constataram no local o erro que será a implantação deste projeto que prevê a perfuração da cratera do vulcão e cimentar grande parte da estrutura e interior da mesma para construir o centro interpretativo e um novo miradouro. Para o PEV a verdadeira questão será definir regras de visitação e estacionamento, eventualmente recorrendo a pequenos autocarros, limitando as viaturas ligeiras e a excessiva afluência para que sejam salvaguardados os valores naturais e paisagísticos do local.
Os Verdes reuniram ainda com o Movimento Salvar a Ilha, preocupados com o anúncio de novo projeto de construção da central de incineração em São Miguel. Um projeto com graves impactes no ambiente e na saúde que Os Verdes contestaram desde o início e que não ajuda a reduzir a produção de resíduos, pelo contrário incentiva a sua produção para rentabilização do equipamento. Os Verdes defendem que a abordagem da gestão dos resíduos deve ser feita ao contrário, o que se impõe é a redução drástica a montante, nomeadamente de plásticos que entram nas ilhas e uma maior aposta na recolha seletiva e encaminhamento para reciclagem, acompanhados de tecnologias de tratamento mecânico e biológico, o que dispensa qualquer sistema de incineração, pois a fração restante nunca será suficiente que justifique uma nova incineradora. Aliás é o que já se verifica com a incineradora construída na ilha Terceira que está a funcionar muito aquém da sua capacidade.
Também no Faial Os Verdes debateram a questão dos plásticos, é uma matéria para a qual o PEV tem tomado diversas iniciativas ao nível da Assembleia da República no sentido da redução das embalagens supérfluas e da proibição da comercialização de sacos plásticos e talheres e loiças descartáveis. Medidas que terão inevitavelmente impacte positivo na problemáticas dos resíduos e dos plásticos nos Açores. Nesta ilha Os Verdes tiveram ainda oportunidade de visitar algumas zonas emblemáticas nomeadamente o Vulcão dos Capelinhos e o Museu da Fábrica da Baleia em Porto Pim.
A Visita à ilha das Flores acabou por não acontecer dadas as condições climatéricas e o consequente cancelamento das ligações aéreas. No entanto, Os Verdes reuniram no Faial com o Senhor Comandante Rafael Silva, da Capitania da Horta e Flores, que também ficou impedido de se deslocar às Flores, com quem se esclareceram sobre os efeitos da destruição do porto comercial das Lajes das Flores e dos atuais esforços de recuperação. Um processo que será inevitavelmente lento para o qual Os Verdes alertam para a necessidade de se projetarem as novas infraestruturas tendo em conta o previsível agravamento das alterações climáticas e seus efeitos nomeadamente ao nível da orla costeira.
Esta visita foi ainda aproveitada para o contacto dos dirigentes ecologistas com os diversos membros e ativistas nas ilhas e delinear estratégias de intervenção e trabalho futuro.