A CDU/Açores esteve durante vários dias na ilha Graciosa em trabalho e consulta à população graciosense sobre as problemáticas da ilha. Diversos dos problemas levantados já foram denunciados anteriormente através de requerimentos apresentados na ALRAA. O grupo de trabalho que se deslocou à ilha demonstra a sua preocupação com diversos aspetos fundamentais para o desenvolvimento económico e social da ilha, considerando também a situação peculiar devida à COVID-19.
Uma das questões fundamentais é constituÃda pela Gare MarÃtima situada na vila da Praia. A abertura da linha Branca veio trazer uma maior afluência de passageiros, facto em si muito positivo, mas a ilha continua mal preparada para receber visitantes, a começar pela própria Gare MarÃtima. As restantes gares açorianas já contam, na sua maioria, com um tapete de receção de bagagem, um posto de informação turÃstica e um local limitado à circulação de passageiros, pelo que existe uma distinção clara entre as zonas de descargas/cargas comerciais e as de passageiros. No caso da Gare da Graciosa nada disto acontece: mas são estas simples distinções que facilitam a operacionalidade do porto, tal como a sua segurança, e as infraestruturas adequadas acabam por trazer comodidade e bem-estar a quem as frequenta. Além da insuficiência da Gare, também é notória a falta de operacionalidade do porto da Praia, onde as empresas marÃtimas-turÃsticas embarcam os passageiros todos no mesmo local. Desta forma, enquanto uns passageiros embarcam, os outros vão ter de aguardar a sua vez.
Além das questões do acesso marÃtimo, a requalificação patrimonial desta ilha também nos surgiu como uma prioridade. É notória a beleza da Graciosa, que tem todo um potencial ainda por explorar. É o caso, por exemplo, do Porto Afonso. Este porto é um local qualificado, mas quem o frequenta só encontra uma só palavra para o qualificar: abandono. A população já não o utiliza porque os abrigos dos barcos ficaram destruÃdos pelas intempéries, havendo restos de embarcações no seu interior. O desinteresse por esta zona protegida, por parte das entidades governativas, é gritante. A requalificação deste local potenciaria a sua utilização para zona balnear e atividades náuticas de recreio. O Porto Afonso é também um local de nidificação de cagarros e garajaus, caracterÃstica esta que deverá sempre ser tomada em consideração.
Outro aspeto que também foi levantado pela população é relativo ao consumo dos produtos regionais. A Graciosa tem produtos caracterÃsticos que merecem ser explorados: ´o caso das meloas, dos vinhos brancos, licores e aguardentes, do alho e dos doces regionais. Estes produtos, além de ser apoiados, devem ser alvo de uma nova campanha de marketing e de melhoria na exportação. O acesso aos produtos graciosenses deve ser facilitado, em primeiro lugar a nÃvel regional, mas também a nÃvel nacional. É necessário traçar uma estratégia, em acordo com os produtores da ilha, que consiga combater este momento de sufoco financeiro.
Por último, gostarÃamos de fazer um reparo sobre o exemplo que esta ilha demonstrou ser em questões de energia. Cerca de 65% da energia da Graciosa é atualmente produzida de fontes renováveis, indicando o caminho a seguir por toda a Região. Projetos idênticos seriam facilmente realizáveis em ilhas como o Corvo, São Jorge, Flores ou Santa Maria, em que se podia chegar aos mesmos 65% de penetração de renováveis no sistema elétrico. Desta forma os Açores seriam um exemplo de preservação e sustentabilidade da qual todos nos orgulharÃamos.
ConcluÃmos esta visita de contato com a população com diversas propostas para melhorar a vida de todos os graciosenses através da valorização da ilha. São propostas que serão apresentadas no programa regional e de ilha da CDU à s eleições regionais de 2020.
A CDU está atenta aos problemas da ilha e procura atuar em várias instâncias, considerando que muitas destas problemáticas já foram levantadas pelo PCP: defendemos desde há muito a reconstrução do Porto Afonso e a valorização dos produtos graciosenses.
Pretendemos assim reafirmar a necessidade, o compromisso e a prioridade de intervir polÃtica e institucionalmente sobre estas questões que fazem parte das preocupações de todos os açorianos, e em particular de todos os graciosenses.
Graciosa, 24 de Julho de 2020.