Largas décadas se passaram desde que as questões ecológicas e ambientais começaram a procurar tornar-se prioridade, mas entre notícias, anúncios e anseios por concretizar o tempo passa e as grandes mudanças tardam. Um dos exemplos que temos nos Açores é o abandono do investimento em energias renováveis no Faial, cujo parque eólico e central hídrica produzem nem 15% do total de energia elétrica que consumimos.
Os números não mentem: em 2019, 37% da eletricidade produzida no arquipélago proveio de fontes renováveis e endógenas. No mesmo ano, só 14% da energia faialense veio do parque eólico instalado no Salão e 0,011% da hidroelétrica do Varadouro.
Pode haver quem ache suficiente, mas continuamos muito atrás do que se ambicionava para 2020 e o futuro não parece prometedor. Em fevereiro deste ano soube-se que a EDA irá investir 205 milhões até 2024, sendo que desses vão 158 milhões para aproveitamento de energias renováveis e sistemas de armazenamento de energia.
De todos os investimentos apenas um para o Faial: um parque fotovoltaico com capacidade de 1,5MegaWatts, a instalar em 2022, o que corresponderá a 4,8% da energia consumida. Ou seja, a correr bem teremos 20% de energia renovável e endógena instalada até meados desta década.
Relembremos:
Em 2002 foi inaugurado o parque eólico da Lomba dos Frades, mas a proximidade com habitações levou a protestos da população da Praia do Almoxarife e obrigou à paragem das turbinas entre as 02:00 e as 07:00 todos os dias. Nunca produziu mais de 5% do total consumido;
Entretanto desmantelou-se o parque e em 2012, quando o parque eólico faialense passou da Lomba dos Frades para os arredores do Cabouco disseram-nos que os cinco aerogeradores poderiam assegurar 20% da energia consumida no Faial, algo que nunca aconteceu;
Em janeiro de 2014 a EDA instalou um sistema Microgrid AAB nas turbinas, software que nos disseram permitir gerar 75% da nossa eletricidade a partir de fontes renováveis até 2018, o que nunca aconteceu e nada mais se sabe deste projeto;
A central hídrica do Varadouro tem tecnologia ultrapassada e a produção de apenas 0,011% diz muito da necessidade de investimento urgente tanto no equipamento como nas infraestruturas das Levadas.
Em outubro de 2019 a utilização de energia renovável dos Açores foi de 39%, bem abaixo dos 59% produzidos em território continental.
Numa Região que se diz verde, amiga do ambiente, exemplo no mundo, continuamos a ficar muito aquém do nosso potencial nesta matéria. O investimento da EDA em soluções de armazenamento de energia permitirá reduzir o desperdício que atualmente acontece, lamentavelmente o Faial continuará a ver navios e a importar a esmagadora maioria do que precisa quando deveria estar a caminho da autossuficiência energética.
A CDU Faial acredita que muito mais pode ser feito e denuncia o desprezo dado pelo Governo Regional e pela EDA à ilha do Faial nesta matéria. Há que reforçar a capacidade produtiva do parque eólico e da mini-hídrica.
Por um projeto de futuro para os Açores.
CDU Faial