No passado dia 8 de março, foi inaugurado o primeiro hospital privado nos Açores, com um custo total de cerca de 40 milhões de euros, em grande parte provenientes de fundos públicos. A população dos Açores volta assim a ser prejudicada.
Não obstante as carências notórias, sobretudo em termos de recursos humanos, que o PCP/Açores há muito tempo afirma ser necessário reverter – a falta de médicos, enfermeiros, técnicos superiores de saúde, de diagnóstico e de terapêutica, assistentes técnicos e assistentes operacionais, bem como a falta de diversas especialidades – ninguém pode negar que o SRS tem respondido sempre às necessidades da nossa Região, e de todos os seus habitantes, independentemente das suas condições económicas. Houvesse mais investimento na Saúde, e não haveria os atrasos e as listas de espera de que todos temos experiência.
Ora, de acordo com o que circula na Comunicação Social regional, já se sabe que grande parte do corpo profissional deste hospital privado será composto por profissionais de saúde diretamente ligados ao Hospital do Divino Espírito Santo, muitos dos quais irão manter funções em ambos os serviços. Acresce ainda que é mais do que provável que serão a Região e os contribuintes açorianos a suportar uma boa parte das despesas desta nova unidade hospitalar, sobretudo no que diz respeito a algumas áreas de especialidades que o SRS não oferece.
Tudo isto são consequências de décadas de política de direita, e da desresponsabilização de todos os executivos regionais que até agora assumiram funções, e da qual o atual executivo do PSD, CDS e PPM, com o apoio parlamentar do CHEGA e do Iniciativa Liberal, mesmo procurando passar entre os “pingos da chuva”, não se poderá demarcar.
O PCP/Açores considera assim que é fundamental:
1- reverter o subfinanciamento a que o nosso SRS está sujeito há largas décadas, elevando a mobilização e modernização da sua capacidade de resposta;
2- reforçar urgentemente o número de profissionais, e garantir-lhes condições laborais e remuneratórias dignas, para que não tenham de procurar complementos salariais fora do sistema, com os óbvios problemas de qualidade do serviço prestado por quem tem de se submeter a um regime de duplo trabalho;
3- alargar o número de camas de cuidados continuados e paliativos;
4- recuperar todos os atos clínicos que ficaram em suspenso ou foram adiados.
Os fundos públicos devem ser destinados à saúde pública. Nada é mais injusto, numa Região como a nossa, em que grande parte da população tem problemas sérios de subsistência, do que desviar os recursos que tanto nos fazem falta para financiar serviços de que só poucos poderão usufruir.
Ponta Delgada, 10 de Março de 2021
A Comissão de Ilha de São Miguel do PCP/Açores