Nos dias 25, 26 e 27 fevereiro, o coordenador do PCP Açores, Marco Varela, deslocou-se à ilha das Flores para realizar uma série de reuniões informais, e, assim, aprofundar o conhecimento das preocupações mais sentidas na ilha, e contribuir para a resolução dos problemas existentes.
Nos diversos contactos com a população e na reunião com o eleito municipal, militantes e ativistas da CDU, como ocorre nas restantes ilhas, foi mais uma vez evidenciado o agravamento das dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores e pela população em geral. O aumento do custo de vida tem sido brutal: em apenas dois meses, o preço da botija de gás subiu três vezes, fixando-se, a partir de 1 de março, em 25 euros. Esse aumento é acompanhado pela escalada do preço dos combustíveis, que já sofreram três reajustes desde o início do ano, refletindo-se no encarecimento de diversos bens alimentares, como pão, carne, peixe, frutas e legumes.
As preocupações das pessoas, e a falta de respostas concretas às mesmas, manifestam-se, entre muitos outros exemplos, em três questões centrais: transportes aéreos, transportes marítimos e o porto de abastecimento da ilha, além da escassez habitacional.
Com a aproximação do verão, essas preocupações intensificam-se, especialmente diante das soluções precárias oferecidas no verão anterior. Muitos florentinos, por razões profissionais ou de saúde, necessitam deslocar-se, mas enfrentam dificuldades para garantir um lugar na SATA. A política de transportes é claramente uma lacuna: a falta de estratégia e a inércia administrativa resultam na insuficiência dos transportes aéreos, que, mesmo com alguns reforços, continuam a deixar muitos florentinos desamparados, estando comprometida a mobilidade entre a ilha e o restante do arquipélago. Continuam a ocorrer casos de pacientes com consultas de especialidade marcadas que ficam retidos por dois ou três dias fora da sua ilha, devido à indisponibilidade de voos de regresso. É imperativo adotar medidas para que o caos do ano passado não se repita.
No que diz respeito ao transporte marítimo de mercadorias, os problemas persistem ano após ano. As dificuldades e os atrasos no abastecimento são recorrentes, exigindo soluções eficazes para situações em que o navio de abastecimento, por razões climatéricas, não consegue operar. Esses atrasos resultam em prateleiras vazias no comércio local e prejudicam a exportação de gado e outros produtos.
A solução estrutural para melhorar o abastecimento da ilha passa pela reconstrução do Porto das Lajes das Flores, que tem sofrido constantes atrasos e retrocessos. É urgente tomar medidas para que a obra seja iniciada o quanto antes, aproveitando os meses de bom tempo para avançar com a sua execução.
Para além disso, a dependência externa no abastecimento de bens poderia e deveria ser atenuada por meio de uma aposta clara na produção local e na sua diversificação. No entanto, a política seguida vai na direção contrária, como se verifica com o encerramento da fábrica de transformação de lacticínios, um dos exemplos mais flagrantes da falta de investimento na economia local.
A habitação constitui um problema crónico e um entrave ao desenvolvimento da ilha. Os jovens que desejam fixar-se nas Flores e sair da casa dos pais enfrentam dificuldades, uma vez que as habitações para arrendamento são escassas e dispendiosas, e o crédito habitação é pouco acessível. Além disso, os profissionais que se deslocam para trabalhar na ilha também encontram dificuldades para arrendar moradia, devido à escassez e aos elevados preços.
Os serviços públicos sob responsabilidade do Governo da República estão igualmente comprometidos. Muitas instalações encontram-se em condições precárias, sem estrutura adequada para trabalhadores e utentes, somando-se ainda a insuficiência de recursos humanos.
O que ocorre nas Flores e na Região em geral reflete as políticas ruinosas da direita, que governa em favor de uma minoria que continua a acumular riqueza, em detrimento da maioria da população, que enfrenta dificuldades crescentes para viver na sua terra.
É preciso dizer basta ao abandono a que o Governo Regional (PSD, CDS-PP e PPM), com o apoio do Chega, tem condenado as Flores e os florentinos. É urgente romper com esta política que deixa a ilha à sua sorte e acentua as desigualdades entre as diferentes ilhas do arquipélago.
O compromisso da CDU Flores é continuar a lutar e a reivindicar, ao lado dos florentinos, o direito a uma vida digna na sua terra.
CDU Flores