Camarada Secretário-Geral Jerónimo de Sousa, e demais camaradas presentes a este XI Congresso da Organização da Região Autónoma dos Açores, o meu nome é Hildeberta Costa e sou delegada da Ilha do Pico, concelho das Lajes do Pico.
Trago-vos aqui algumas simples palavras que, no fundo, retratam a atual situação sentida pelos trabalhadores em geral, e pelos açorianos em particular.
Se, em termos de serviços públicos que deveriam ser providos pelo Estado central e regional, continuamos muito mal servidos em termos do acesso a cuidados de saúde de mínima qualidade, a tempo e horas, o mesmo se passa com as acessibilidades, quer aéreas, quer marítimas, para pessoas e bens, que ora são inexistentes ou escassas, nalguns casos, ou são incomportáveis em termos de custos, noutros casos, para o comum dos trabalhadores e dos pequenos empresários locais, colocando obstáculos acrescidos ao tão esperado e adiado desenvolvimento que se pretende para a nossa região.
Numa região ultraperiférica como a nossa, é urgente atender com acrescida vontade e ações para minimizar a cada vez maior assimetria no investimento público que relega para o quase esquecimento e para o subdesenvolvimento as ilhas menos populosas (todas aquelas com menos de 20 mil habitantes).
Nestes tempos de crise económico-financeira, resultante, mais uma vez da sobre exploração capitalista e das suas crises recorrentes, agora agravadas pela guerra na Europa, e do atavismo do pensamento único censório, temos de ver uma oportunidade para acentuar a luta e de forma pedagógica e sem rodeios transmitir as nossas ideias, dando a conhecer os nossos objetivos e as ações concretas para os atingirmos, sem moralismos nem condescendências. Há que desmascarar no dia a dia as situações de discriminação, de exploração, de desrespeito pela legalidade e pela dignidade humana, e informar aqueles menos esclarecidos que as suas situações de precaridade e exploração não são “fatais como o destino”, e que cada um e todos devemos lutar para modificar as condições de trabalho, de acesso a serviços essenciais e pela dignificação da sua condição como seres humanos.
Lajes do Pico, 7 de Maio de 2022