A coligação que suporta o governo regional apresentou, na Assembleia Regional, uma proposta para recuperar o tempo de serviço aos professores e educadores da Região, para as situações que ainda estavam por resolver. Ao fazê-lo, esconde as suas próprias responsabilidades nesta matéria, incluindo as suas trapalhadas mais recentes, e recusa-se a enfrentar os problemas vividos na Escola Pública.
Esta iniciativa foi a solução que a coligação de direita encontrou para fugir à negociação sindical prevista na lei. Sabendo que o estão a fazer, e que ainda há pouco tempo o governo regional se recusou a negociar para resolver esta e outras injustiças, só se pode concluir que tentam passar entre os pingos da chuva, numa matéria em que têm telhados de vidro! Deixam, assim, por resolver a falta de professores e educadores, a estabilização e rejuvenescimento do corpo docente nas escolas, o salário dos docentes contratados, a melhoria das condições de trabalho nas escolas e o combate, com eficácia, ao desgaste que se vai sentido, perante as crescentes exigências da profissão.
A coligação de direita finge esquecer que também é responsável por este problema. É que o congelamento das carreiras foi acordado pelo PSD e pelo CDS com o então governo do PS, de José Sócrates, e mantido durante 7 anos, pelos governos do PSD/CDS, de Passos Coelho e Paulo Portas, e do governo PS de António Costa. Só com uma longa e dura luta do PCP e dos trabalhadores é que foi possível conquistar o descongelamento das carreiras, em 2018. Esses são factos desconfortáveis para a coligação de direita: é que, sempre que é necessário, estão disponíveis para apoiar novas injustiças, por muito que o tentem disfarçar.
Esta situação mostrou, ainda, que, afinal, era mentira aquilo que a coligação anunciou diversas vezes – inclusive antes das eleições. À primeira oportunidade, deu palco à extrema-direita, quando tinha assumido, precisamente, o contrário. Sendo esta uma matéria em que nem a aprovação da sua proposta, nem a resolução deste problema estariam em causa, só se pode concluir que, para o governo regional e para a coligação que o suporta, este é um meio legítimo para garantir a sobrevivência do governo regional. Mesmo sabendo que está a promover a força mais antidemocrática, populista, demagógica e oportunista da política regional e nacional!