O dia da Região foi uma vez mais assinalado, embora sem as habituais festividades populares de partilha e festa em louvor do Divino Espírito Santo. Também a celebração oficial foi condicionada pelas restrições impostas e que visam a salvaguarda da saúde pública. A identidade e unidade do povo açoriano tem no culto ao Divino Espírito Santo um dos seus pilares estruturantes.
A cada ano, na segunda-feira de Pentecostes, celebramos os Açores, a sua diáspora e a sua universalidade. A DORAA do PCP associa-se, naturalmente, ao povo açoriano na celebração da açorianidade, e saúda todos os açorianos que vivem no arquipélago, mas também a quantos afirmam a açorianidade nos quatro cantos do Mundo. Mas o dia da Região, sendo um dia de festejos, devia ser também um dia de reflexão sobre o passado, o presente e sobretudo sobre o futuro.
As celebrações oficiais ficaram-se pelos discursos de circunstância. E se é importante o enaltecimento da nossa história e das conquistas deste povo moldado de lava e mar, não será menos importante olhar para o caminho que nos falta percorrer, ou para o que nos fragiliza e nos deixa cada vez mais dependentes de conjunturas desfavoráveis. Ao fim de mais de 6 meses de governação tripartida, PSD, CDS/PP e PPM, que se sustenta no apoio parlamentar da extrema-direita para continuar no poder, é visível e palpável que o XIII Governo regional não passa de uma agência de propaganda, comunicação e de uma central de alocação de “jobs for the boys”, para além de um desfilar de vaidades que alimentam bairrismos e colocam em causa a identidade e unidade regional.
A grave crise de saúde pública que nos afetou e afeta, não justificou, nem pode justificar, a inoperância governativa: pelo contrário, ela tem demonstrado por um lado a importância dos serviços e empresas do setor público empresarial regional e, por outro lado, a necessidade de reforçar o investimento público para que as respostas sejam céleres e eficazes. E tem também evidenciado que a economia regional não pode, nem deve, ancorar-se apenas e só no turismo. A história económica dos Açores mostra até à saciedade o quanto essa estratégia é errada.
Assim, mais do que declarações de boas intenções, a DORAA do PCP considera fundamental:
- o reforço do investimento público no Serviço Regional de Saúde e no Sistema Educativo Regional;
- a manutenção no setor público regional de empresas estratégicas para a Região; - o aumento, a diversificação e valorização da produção regional, dinamizando o mercado interno;
- a implementação de um sistema de transportes que garanta a igualdade de oportunidades a todas as ilhas, bem como, mas suas várias vertentes, o direito à mobilidade dos açorianos;
- a criação de um plano de coesão social e económico ancorado na particularidades e potencialidades de cada ilha e nas suas complementaridades; - a revisão do modelo de turismo para os Açores.
A atratividade e a competitividade do destino Açores não se coadunam com a uniformização e com o turismo massificado. - promover a negociação coletiva, combater a precariedade e aumentar os rendimentos dos trabalhadores, designadamente, através do aumento do acréscimo regional ao salário mínimo nacional.
A DORAA do PCP considera que a democracia açoriana, apesar da aparente pluralidade parlamentar, está empobrecida e, mais cedo do que era expetável os cidadãos e algumas organizações estão já a sentir a opressão e a asfixia que carateriza o exercício de poder pela direita e pela extrema-direita.
O secretariado da DORAA do PCP
26 maio de 2021