Os jovens faialenses, principalmente aqueles que ingressam no mercado de trabalho, enfrentam sérias dificuldades na área da habitação. Sozinhos, ou mesmo em casal, é evidente a dificuldade na procura de casa para este início de vida. Os baixos salários e a crescente precariedade impedem que muitos dos nossos jovens consigam arrendar uma casa e muito menos pensar em comprar uma, passando muitas vezes a solução por viver com outros familiares.
Esta situação traz muitas consequências negativas. E como poderemos falar em qualidade de vida quando o mês é passado a fazer contas para ver se o dinheiro dá para chegar até ao próximo, ou quando a disponibilidade para momentos de lazer com família e amigos é muito baixa? Muitos dos nossos jovens vivem um sentimento de frustração cada vez mais comum.
Sem um contrato estável, a maioria deles está automaticamente afastada da possibilidade de comprar casa e carro. Mas mesmo os que conseguem um contrato que não seja precário esbarram em vários outros problemas: os preços dos imóveis, fortemente inflacionados nos últimos anos, bem como os 10% de poupança que se deve ter para aceder a um crédito a habitação. Se eventualmente conseguirem acesso a um crédito, passarão 30 ou 40 anos a ver metade do ordenado voar diretamente para o imóvel - sem contar com IMI, reparações, manutenções e tantas outras despesas.
A maioria dos nossos jovens precisa então de alugar casa. A realidade da nossa ilha, neste campo, é muito negativa: os preços praticados não são espelho dos ordenados auferidos. O preço de arrendamento, na ilha do Faial, há muitas décadas excedeu os limites do razoável. Cada vez é maior a fatia do pequeno ordenado que segue diretamente para a habitação e isto traz graves consequências à vida dos jovens e dos casais locais. Antes do ordenado chegar às contas de cada um, já muito ficou descontado e uma grande parte do que fica é absorvido pelas despesas fixas a pagar.
Acresce ainda a própria condição de muitas casas e apartamentos, onde se vive só porque não há outra opção, embora não sejam condignos. É muito frequente ouvirem-se relatos de trabalhadores que escolhem o Faial para viver e nos primeiros meses veem-se na necessidade de pagar Alojamentos Locais para conseguir um espaço para ficar que não seja o sofá do amigo ou familiar, uma vez que o mercado de arrendamento é inflacionado e insuficiente. A ilha do Faial desespera por uma revolução no setor da construção civil, onde a construção não esteja acessível só a alguns, onde as compras e vendas de imóveis não sejam apenas possíveis a investidores e/ou visitantes e onde os mais jovens, particularmente, possam ter um sítio digno para viver.
A melhoria das condições de vida dos jovens é indissociável de uma série de medidas que os afetam diretamente: a valorização geral dos salários, o combate à precariedade e o apoio à maternidade e paternidade são apenas algumas delas. No campo da habitação é também possível ir muito mais longe, com a dinamização de programas que assegurem o acesso à habitação, através do arrendamento ao abrigo do regime da renda apoiada e/ou condicionada e da promoção da construção de habitações a custos controlados para jovens.
Para que todos queiram cá viver, e não apenas sobreviver, é urgente a afirmação de novas políticas. Nas eleições autárquicas que se aproximam, é essencial apoiar a CDU, e através dela as propostas para uma nova gestão dos problemas da habitação.
12 de julho de 2021
Gabinete de Imprensa CDU Açores