Os jovens faialenses, principalmente aqueles que ingressam no mercado de trabalho, enfrentam sérias dificuldades na área da habitação. Sozinhos, ou mesmo em casal, é evidente a dificuldade na procura de casa para este início de vida. Os baixos salários e a crescente precariedade impedem que muitos dos nossos jovens consigam arrendar uma casa e muito menos pensar em comprar uma, passando muitas vezes a solução por viver com outros familiares.
Esta situação traz muitas consequências negativas. E como poderemos falar em qualidade de vida quando o mês é passado a fazer contas para ver se o dinheiro dá para chegar até ao próximo, ou quando a disponibilidade para momentos de lazer com família e amigos é muito baixa? Muitos dos nossos jovens vivem um sentimento de frustração cada vez mais comum.



A situação que a Região atravessa não pode servir de argumento ao governo para não cumprir com os compromissos que assumiu, quando até já existem verbas direcionadas para os mesmos. Nem pode ser usada ou instrumentalizada para, aproveitando legítimas inquietações, servir de pretexto para o agravamento da exploração e para o ataque aos direitos e rendimentos dos trabalhadores.
Visita as ilhas do Triângulo! este é o anúncio das agências de viagem que muitas vezes de forma errada publicitam os Açores. Mal sabem eles que somos possuidores de um fenómeno único: o triângulo com dois lados. Assim mesmo: porque a ilha de São Jorge está a ser esquecida, colocada de lado e deixada no isolamento. São Jorge tem uma posição central na geografia, mas teve sempre uma posição periférica na História basta avaliar: os voos são cada vez menos acessíveis, e muitas vezes os primeiros a ser cancelados porque a pista não tem condições; outro aspeto é o das mercadorias, cujo transporte está cada vez mais irregular (e os jorgenses cada vez mais prejudicados). Observamos as outras ilhas e todos os dias vemos o crescimento das ilhas do Faial e do Pico, seja a nível de investimentos como nas acessibilidades. Em São Jorge, afinal, o que somos, o que podemos ser? Mudam os governos, mas a falta de investimento continua a ser notória, por exemplo quando constatamos que o nosso centro de saúde principal não tem equipamentos, não tem recursos humanos, e ainda bem há pouco tempo tinha um buraco a céu aberto para a rua.
“Já não interessamos a ninguém, somos poucos.” É uns desabafos que podemos ouvir de alguns produtores de leite da nossa Região. O PCP nos Açores tem estado próximo de vários produtores de leite, e ao longo dos anos são cada vez menos os que optam por esta produção, dado que “já não compensa”, como afirma quem todos os dias se levanta de madrugada para recolher o leite, e todos os dias termina a recolha já de noite. Estas últimas semanas fizemos contatos formais e informais com vários agricultores, visitámos algumas explorações para compreender qual o estado real da produção. Vimos aqui tornar público o continuado massacre de que os produtores de leite são alvo.