Artigo de opinião de Mário Abrantes
Quando se entrevista amigavelmente um autarca – Isaltino Morais, condenado a sete anos por fraude fiscal, abuso de poder e corrupção, em horário nobre de um dos canais principais de TV, e logo de seguida no programa da manhã de um outro; quando o 1º ministro do país elogia por duas vezes como grande empresário o foragido Dias Loureiro, que esteve ligado a um processo (BPN) que já surripiou ao investimento público útil mais de 5 mil milhões de euros; quando se coloca sob investigação criminal por suspeitas de enriquecimento ilícito, à custa da política, Marco António Costa, o vice-presidente do principal partido no governo da República; quando se reconduz ao seu lugar um governador do Banco de Portugal comprovadamente lascivo em relação ao buraco do BES que já penhorou o Estado português em 3,9 mil milhões de euros; quando um Presidente da República condecora o empresário Zeinal Bava que comprovadamente lesou uma empresa pública, a PT, em 900 milhões de euros; e tudo isto apenas como amostra dum imenso lastro político/institucional de criminalidade, corrupção e abuso de poder deixado atrás nos anos mais recentes e que até levou um ex-primeiro ministro à cadeia;
Não se está de forma gravosa apenas a considerar estas práticas como toleráveis, ou até mesmo a aceitá-las como um mal menor, ao nível das diversas estruturas institucionais do Estado (Autarquias, Assembleia, Governo e Presidência).