Independentemente de todo um trabalho de ponderação das causas e efeitos possíveis destes resultados eleitorais há duas certezas que tenho: A primeira é que Hollande ganhou porque assumiu uma posição de recusa da política recessiva brutal que está a ser imposta e defendeu a necessidade de haver políticas de verdadeiro crescimento; a segunda é que o facto dos dois partidos que têm alternado no poder na Grécia terem, em conjunto, perdido metade ou mais dos votos que tinham, significa que os povos não estão dispostos a engolir tudo o que o “poder invisível” quer impor ao Mundo.
Pensando na evolução da Europa nos últimos trinta anos e no evolvimento que os dirigentes socialistas europeus tiveram na definição das políticas da União Europeia, tem que se olhar para o papel que o novo Presidente francês irá ter com justificada reserva. Se isto é verdade, também é verdade que o momento presente é caraterizado por uma tentativa fortíssima de fazer “evoluir” a política de direita europeia, exercida em quadros constitucionais marcados pelas conquistas democráticas e sociais alcançadas pelos povos, para a destruição pura e simples da nossa forma de organizar as sociedades, impondo um modelo institucional ultra neo liberal. Será que a situação objectiva e a força dos povos irão impor mudança de comportamentos?
Aliás, nesta noite de eleições na Europa verificou-se um facto muito curioso. Numa parte da Europa, a França, o candidato socialista ganhou, por aquilo, de melhor, que prometeu e na outra ponta desta mesma Europa, a Grécia, o partido socialista (PASOK) foi o mais penalizado, por ter feito o inverso daquilo que foi prometido em França. Isto diz muito sobre a actual situação.
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado a 7 de maio de 2012