A solução governativa em vigor na República e que vai ser julgada pelos eleitores portugueses em outubro próximo, sucedeu-se a um desastroso governo de coligação de direita entre o PSD e o CDS e assumiu ao longo dos quatro anos que em breve se completam a forma de um governo minoritário do PS suportada por acordos maioritários com o PCP e o BE, permitindo desde logo relevar a importância da Assembleia da República na condução dos destinos do país.
Não foi um governo de esquerda, como se viu claramente na recente aprovação, em aliança com a direita, das alterações à legislação do trabalho, ou na conivência com as imposições restritivas de Bruxelas, mas foi um governo que interrompeu e reverteu em múltiplos casos a política de direita que antes durante e depois da troika vinha sendo executada pelo PSD, pelo CDS e também pelo PS. Isto foi possível graças ao facto de tal governo, não possuindo maioria absoluta de deputados que o suportassem, ter recorrido ao entendimento com os partidos à sua esquerda, facto que proporcionou muitas e importantes medidas de reversão de políticas e de recuperação de direitos e rendimentos.