A abstenção também é um voto. No caso das eleições do passado domingo não terá sido forçosamente motivada apenas pelo alheamento ou o desinteresse do eleitor, mas terá sido também um exercício livre e consciente de cidadania que importa respeitar. Em 2014, sob a intromissão e a pressão austeritária, redutora e empobrecedora da troika, muitos eleitores eurocéticos optaram por engrossar a voz daqueles que no país maior oposição fizeram ao resgate da UE e do FMI: a CDU. Em 2019 muitos destes votos ficaram ou regressaram à abstenção fosse por abrandamento do seu euroceticismo ou pela errada suposição de que a CDU, por dar suporte parlamentar a um governo europeísta na República, teria baixado a bandeira da defesa dos interesses portugueses em Bruxelas e do criticismo relativo a esta Europa e aos seus tratados restritivos e bloqueadores da soberania nacional e do desenvolvimento.

Apesar das opiniões meritórias oriundas dos quatro cantos do planeta, apesar do prémio Nobel da Paz, apesar da apologia da defesa dos direitos humanos e de outros elevados objetivos proclamados pela administração Obama, as injustiças, as guerras, as desigualdades e os atentados ao ambiente em que essa administração se envolveu em todo o mundo e no seu próprio país nunca pararam de aumentar ao longo dos oito anos de mandato do ex-presidente dos EUA.