A corrupção parece nunca ter sido tão grande e tão fortemente descredibilizadora dos regimes políticos democráticos ocidentais. Mas a verdade é que ela existe também, e até mesmo em maior grau, nos regimes autoritários e ditatoriais, só que nestes ela é em grande parte censurada, como sucedeu durante os 48 anos de fascismo em Portugal.
O combate à corrupção constitui uma necessidade óbvia, mas já a sua eficácia é, em geral, altamente questionável, quando não esconde mesmo por trás de si objetivos inconfessáveis da parte de quem o promove. Veja-se, como exemplo paradigmático, a esmagadora dimensão que atingiu a denúncia e a luta anticorrupção nos casos de Lula da Silva e de Dilma Roussef no Brasil, quando o imputado crime no caso do primeiro, ainda por provar, se resume a um simples apartamento, e, no caso da segunda, à não existência sequer de qualquer acusação jurídica. Mas ambos, deliberadamente a pretexto do combate à corrupção, foram afastados da presidência do Brasil originando naquele país uma profunda e perniciosa mudança de rumo político, tendo por detrás os grandes interesses económicos, levada a cabo por um presidente com ideologia fascizante cujo governo até já navega em águas bem mais corruptas que aquelas que fizeram cair Lula e Dilma.