Nesta profunda crise em que o País foi mergulhado, pelos que, em proveito de classe, querem virar tudo do avesso, aparecem, volta e meia, posições e declarações que ajudam a perceber o que está verdadeiramente em causa.
António Borges, professor de economia neoliberal e ministro à sombra no actual governo, resolveu classificar como ignorantes os empresários que se colocaram contra a descida da TSU para as empresas, feita à custa de uma enorme subida de 7% do desconto dos trabalhadores. Disse mesmo que não passariam no 1º ano do seu curso, o que possivelmente é verdade, pois o que ele ali ensina são modelos de construção de um domínio absoluto do grande capital financeiro internacional, modelo esse que não pode interessar à grande maioria dos empresários portugueses.
É bom saber o que esta “eminência parda”, que é Borges, pensa sobre isto, pois ao sabermos isso estamos a saber o que a troika e governo querem mesmo.
Enquanto Borges, banqueiros e outros empresários, confortavelmente instalados no Algarve, produziam estas alarvidades e concebiam, à margem do País real e concreto, as estratégias de domínio e destruição, o Povo manifestava-se poderosamente em Lisboa contra estas políticas, contra a destruição do País, contra o aumento da exploração, contra a eliminação de direitos sociais, contra a estupidificação da sociedade. No Povo manifestante estão, certamente, os trabalhadores por conta de outrem, milhares de trabalhadores por conta própria, os reformados e pensionistas, os jovens, mas também muitos e muitos pequenos e médios empresários que são, obviamente, vitimas brutalizadas destas políticas.
Neste braço de ferro entre os ultra-reaccionários Borges deste tempo e o Povo com direitos, valores, história, determinação, vontade e, acima de tudo, razão, vai sair vencedor o Povo. A bem de todos nós!
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 4 de outubro de 2012