Opinião

jos_decq_mota_web1. Estamos a viver um tempo negro! Quem domina arroga-se o direito de retirar salários, subsídios, comparticipações, direitos adquiridos por decénios de lutas justas.

Quem domina arroga-se o direito de transferir para os maiores grupos económicos e financeiros, directa e despudoradamente, muitos milhões de euros retirados a quem vive do seu trabalho.

A recente comunicação ao País do 1ºMinistro, para além de confirmar uma política violenta de empobrecimento do País, demonstra que este poder está disposto a tudo para transformar Portugal num insignificante território claramente dominado. Em declarações posteriores, o Ministro das Finanças, reconhecendo implicitamente o falhanço da política do governo, anunciou, apesar da evidência do falhanço, um novo enorme leque de medidas de austeridade.

A vida da esmagadora maioria da população está cada vez pior! O mercado interno está a ser violentamente comprimido, isto é, o poder está a obrigar milhões de pessoas a consumir menos, o que implica que milhares de pequenas e médias empresas tenham que produzir menos e portanto passem a oferecer menos postos de trabalho.

Estamos perante uma verdadeira política de desastre! Tudo nos mostra que o caminho seguido não resolve o problema financeiro do País e tudo nos mostra que a política que está a ser feita só visa criar, na vida colectiva, regras escandalosamente mais injustas das que são próprias da nossa Constituição. Passos Coelho, Paulo Portas e os seus ministros estão obcecados em realizar, até às últimas consequências, a política determinada pelo grande capital financeiro internacional.

O domínio neoliberal, ou seja o domínio do capital financeiro internacional, tem que ser derrotado! Só assim será possível defender a democracia, o progresso social e a independência dos Povos. Quem é alvo destas políticas tem que reagir, antes que seja tarde.

 

2.  No plano estritamente regional tudo isto se faz sentir de forma muito séria e, muitas vezes, de forma agravada, porque assim o determina a nossa dimensão, a nossa dispersão e a distância a que estamos.

A realização de eleições para a Assembleia Legislativa Regional, a 14 de Outubro próximo, levanta a todos os açorianos a questão essencial de saber avaliar, nos actuais contextos nacional e regional, o significado do seu voto.

Neste contexto nacional, dar, nos Açores, o poder regional ao PSD teria o significado de uma verdadeira rendição a esta política. Dar força eleitoral acrescida na Região ao CDS/PP, teria o mesmo significado de rendição e de abdicação do direito de resistir.

No contexto regional existente, onde todos assistimos a sérios abusos, incompetências, insuficiências, clientelismos e opções erradas e mal estudadas, voltar a dar, nos Açores, a maioria absoluta ao PS, teria o significado de uma acrítica aceitação de uma forma errada de exercer o poder. Dar expressão eleitoral a algumas manobras pré-eleitorais, associadas a interesses político pessoais dos promotores, seria um desastre e um desperdício.

Não votar nunca é opção. Votar de forma a reforçar a presença e participação, nas instituições regionais, daqueles que não se conformam com a realidade dominante, daqueles que lutam, daqueles que não querem usar o poder que lhes for dado em benefício próprio, é o único caminho que aparece como  adequado.

As eleições regionais ganharam, agora, importância acrescida. Espero que os açorianos em geral tenham a lucidez de usar bem o seu direito de voto.

 

3. Estamos no tempo negro do domínio neoliberal! Temos todos a responsabilidade de agir e lutar, com determinação, para alterar o que está a acontecer. O conformismo é a pior opção. Dizer que todos os intervenientes são iguais é uma desculpa. Desistir de agir e não querer dar força a quem defende rápidas e efectivas mudanças, é cegueira.

Tenho a fundada esperança que, no conjunto do País e nesta Região Autónoma, haverá a lucidez de lutar firmemente, para que este tempo negro seja anulado com a derrota completa de quem o gerou e quer perpetuar.

 


Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 15 de setembro de 2012

mario_abrantesO neo-liberalismo económico não é compatível com a democracia social. Podendo embora coexistir durante algum período de tempo (como aquele que agora atravessamos no conjunto dos chamados países desenvolvidos), qualquer deles, porque antagónicos, procura a todo o tempo inviabilizar o outro. O Neo-liberalismo económico que predominantemente se encontra hoje instalado no poder político-institucional (tendo criado, aliás, a própria ideia da moeda única) de uma Europa e de um país que enfrentaram décadas de pós-guerra com avanços inquestionáveis ao nível dos direitos das pessoas, da dignidade humana e da democracia socialmente útil, iniciou a sua cavalgada revanchista atacando em toda a linha. Por trás de si tem o exacerbar do individualismo, a absolutização das leis do mercado, da empresa, do capital financeiro e a legitimidade do lucro acima do direito, afrontando em primeira linha o direito do trabalho, e acabando por afrontar o direito social em geral…


Começando por afirmar que, se há desemprego, devem reduzir-se os salários e que, se esta diminuição não gerar emprego, deverão então continuar a reduzir-se os salários, acabam, nesse ciclo vicioso e fatal, a pôr em causa a satisfação das necessidades fundamentais de toda a população e a comprometer o futuro da humanidade. Para o neo-liberalismo, em condições de crise, só os “fortes” (as grandes empresas e o capital financeiro) têm, em última análise, direitos e capacidade de sobrevivência. Todos os chamados ajustamentos e reformas estruturais, decretados pelo atual poder político instalado na Europa e em Portugal se direcionam neste sentido, visando na sua ótica, “devolver” pela força aos mais fortes, mesmo se afrontando a lei vigente, a parcela da riqueza que consideram lhes ter sido subtraída para ficar consignada aos direitos laborais e sociais e para promover a cidadania, durante as décadas que se seguiram à 2ª Guerra Mundial.


Só à luz destes princípios é que parece compreender-se a motivação real da austeridade e das chamadas reformas estruturais em curso, já que, quando invocam que é para amortizar a dívida externa, o resultado daquelas medidas é o inverso, ou seja, o seu aumento. Quando invocam que é para alcançar um determinado défice, os buracos aparecem logo de seguida, tornando inatingível a meta estabelecida. Quando invocam, como mais recentemente, que é para garantir a criação de emprego e a retoma económica, logo as estatísticas do desemprego e da recessão aumentam ainda mais, e de forma cada vez mais brutal!


A escalada das medidas não tem fim à vista e sempre no mesmo sentido, nunca atingindo nem os resultados proclamados nem, senão para inglês ver, os mentores e os beneficiários da crise. Mentem com todos os dentes, para ocultar os seus verdadeiros objetivos. Tentam, sem vergonha, furtar-se às deliberações do Tribunal Constitucional e, através da subversão dos descontos para a segurança social (transformados ilegitimamente em imposto), não só visam manter na prática os cortes do 13º e 14º meses aos funcionários públicos e pensionistas, como resolveram acrescentar o corte de um mês aos trabalhadores privados e, pelo aumento já descortinável dos escalões do IRS, decretar mais uma baixa geral nos rendimentos sobrantes das vítimas deste esbulho ignominioso.


São cada vez mais os críticos e os revoltados, e com razão. É que se, através da resistência ativa e da luta em todas as frentes, não os arredarmos do poder, acabam eles connosco e destroem o país. E a luta em todas as frentes tem nos Açores, em Outubro próximo, um momento de afirmação pública especial.


Através do voto, destas ilhas para o todo nacional, é preciso dizer-lhes NÃO, NÃO CONSEGUIRÃO!

 

 

Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 12 de setembro de 2012

NÃO, NÃO CONSEGUIRÃO!

O neo-liberalismo económico não é compatível com a democracia social. Podendo embora coexistir durante algum período de tempo (como aquele que agora atravessamos no conjunto dos chamados países desenvolvidos), qualquer deles, porque antagónicos, procura a todo o tempo inviabilizar o outro. O Neo-liberalismo económico que predominantemente se encontra hoje instalado no poder político-institucional (tendo criado, aliás, a própria ideia da moeda única) de uma Europa e de um país que enfrentaram décadas de pós-guerra com avanços inquestionáveis ao nível dos direitos das pessoas, da dignidade humana e da democracia socialmente útil, iniciou a sua cavalgada revanchista atacando em toda a linha. Por trás de si tem o exacerbar do individualismo, a absolutização das leis do mercado, da empresa, do capital financeiro e a legitimidade do lucro acima do direito, afrontando em primeira linha o direito do trabalho, e acabando por afrontar o direito social em geral…

Começando por afirmar que, se há desemprego, devem reduzir-se os salários e que, se esta diminuição não gerar emprego, deverão então continuar a reduzir-se os salários, acabam, nesse ciclo vicioso e fatal, a pôr em causa a satisfação das necessidades fundamentais de toda a população e a comprometer o futuro da humanidade. Para o neo-liberalismo, em condições de crise, só os “fortes” (as grandes empresas e o capital financeiro) têm, em última análise, direitos e capacidade de sobrevivência. Todos os chamados ajustamentos e reformas estruturais, decretados pelo atual poder político instalado na Europa e em Portugal se direcionam neste sentido, visando na sua ótica, “devolver” pela força aos mais fortes, mesmo se afrontando a lei vigente, a parcela da riqueza que consideram lhes ter sido subtraída para ficar consignada aos direitos laborais e sociais e para promover a cidadania, durante as décadas que se seguiram à 2ª Guerra Mundial.

Só à luz destes princípios é que parece compreender-se a motivação real da austeridade e das chamadas reformas estruturais em curso, já que, quando invocam que é para amortizar a dívida externa, o resultado daquelas medidas é o inverso, ou seja, o seu aumento. Quando invocam que é para alcançar um determinado défice, os buracos aparecem logo de seguida, tornando inatingível a meta estabelecida. Quando invocam, como mais recentemente, que é para garantir a criação de emprego e a retoma económica, logo as estatísticas do desemprego e da recessão aumentam ainda mais, e de forma cada vez mais brutal!

A escalada das medidas não tem fim à vista e sempre no mesmo sentido, nunca atingindo nem os resultados proclamados nem, senão para inglês ver, os mentores e os beneficiários da crise. Mentem com todos os dentes, para ocultar os seus verdadeiros objetivos. Tentam, sem vergonha, furtar-se às deliberações do Tribunal Constitucional e, através da subversão dos descontos para a segurança social (transformados ilegitimamente em imposto), não só visam manter na prática os cortes do 13º e 14º meses aos funcionários públicos e pensionistas, como resolveram acrescentar o corte de um mês aos trabalhadores privados e, pelo aumento já descortinável dos escalões do IRS, decretar mais uma baixa geral nos rendimentos sobrantes das vítimas deste esbulho ignominioso.

São cada vez mais os críticos e os revoltados, e com razão. É que se, através da resistência ativa e da luta em todas as frentes, não os arredarmos do poder, acabam eles connosco e destroem o país. E a luta em todas as frentes tem nos Açores, em Outubro próximo, um momento de afirmação pública especial.

Através do voto, destas ilhas para o todo nacional, é preciso dizer-lhes NÃO, NÃO CONSEGUIRÃO!

jos_decq_mota_webA comunicação ao País do 1º Ministro, feita no passado dia 7, empurrou o actual exercício do poder político em Portugal bem para fora do domínio, mais ou menos tradicional, da política de direita, colocando-o, clara e totalmente, no plano da nova política ultra-reaccionária, manipuladora e dominadora determinada pelo grande capital financeiro internacional e executada pelos grupos políticos e poderes que a ele se subordinam.

Ao anunciar medidas que castigam duramente, uma vez mais, quem trabalha e que beneficiam despudoradamente quem acumula capital, o 1º Ministro Passos Coelho e todos os seus apoiantes do PSD e do CDS/PP, ultrapassaram todos os limites que balizam um regime democrático. Tomam as medidas, alegadamente para resolver a questão da “equidade dos sacrifícios” levantada pelo Tribunal Constitucional, mas agravam profundamente o fosso que na nossa sociedade separa os poucos que muito têm dos muitos que pouco ou nada têm. Dizem que, com esta brutalidade, querem combater o desemprego, fingindo não perceber que com um mercado interno comprimido ao máximo não haverá nunca criação de emprego. Possibilitam, de forma directa, que os grandes grupos económicos e financeiros acumulem uma enormidade de capital, sem qualquer exigência de colocação desses meios ao serviço da dinamização da economia. Escondem que milhares de micro, pequenas e médias empresas só terão a sua salvação na expansão do mercado interno, porque só facturando sobrevivem.

Naturalmente a Região Autónoma dos Açores continuará a sofrer, muito fortemente, os efeitos desta política cada vez mais extremista do PSD e do CDS/PP, pelo que não é imaginável que, a 14 de Outubro próximo, os açorianos dêem o poder regional ao PSD ou dêem qualquer papel relevante na vida regional ao CDS/PP.

Os limites estão ultrapassados, a luta tem que se afirmar!

 

Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 10 de setembro de 2012

mario_abrantesEm contraponto à disciplina oficial da História, que consistia em memorizar de forma acrítica e sistemática um conjunto de datas e de nomes, sendo essencialmente composta (preenchida) por personalidades e heróis, descobria-se nos meios contestatários das universidades de então que, por mais líderes e personalidades que se invocassem, era afinal o povo, não como massa amorfa mas como agente político organizado, o seu obreiro decisivo. E dessa descoberta nascia a ação que combatia a ditadura (mentora da disciplina oficial) e que acabou por derrubá-la de armas na mão, ao fim de 48 anos de submissão imposta a todo o povo português, encarregando-se este último de demonstrar cabalmente, na prática, a razão da descoberta dos meios contestatários das universidades, isto é, quem era afinal o agente histórico efetivo da mudança. A revolução de 25 de Abril de 1974 em Portugal teve as suas personalidades e os seus heróis é certo, mas quem a preparou e concretizou, assumindo direitos de cidadania, derrubando a ditadura e alterando profundamente (no sentido progressista) o rumo político do País, foi o Povo e foram as Forças Armadas (que, por via do serviço militar obrigatório, afinal Povo eram também).

Tal como em 25 de Abril de 1974, a história está plena de exemplos de grandes mudanças progressistas e conquistas civilizacionais da humanidade que só aconteceram por obra do(s) povo(s) enquanto agente(s) políticos, em nome dos seus interesses comuns, em oposição a interesses particulares instalados e ao individualismo conservador que em geral sustentavam e se sustentavam da injustiça e da exploração de uns homens por outros homens, negando estes últimos, por essa via, o direito político de cidadania aos primeiros.

Em Outubro haverá eleições nos Açores. Dois protagonistas individuais, ditos candidatos a Presidente, preenchem em termos de informação (objetivamente manipulada) quase todo o espaço político disponível das opções artificiosamente apresentadas a escrutínio perante uma massa popular dada como amorfa, que ambos procuram arregimentar pressupondo que se mantenha como tal. Mas o que a História nos pode ensinar é que dois protagonistas individuais, candidatando-se para além do mais a um cargo não diretamente elegível (o cargo de Presidente do Governo Regional), e assumindo-se como plenipotenciários sobre o futuro dos Açores, não substituem, e em certa medida até contrariam, a vontade soberana do Povo Açoriano e as múltiplas opções que essa vontade, exercida de forma ativa e organizada pode determinar.

Aqueles que, apesar de inviamente preteridos pela informação manipulada em favor dos dois protagonistas individuais, serão os efetivamente eleitos de forma direta, podendo até provir de forças políticas bem diferentes das que apoiam aqueles, isto é, os futuros deputados do Parlamento Açoriano, terão uma responsabilidade muito particular: não a de representarem os interesses do centralismo e da troika junto do Povo mas a de representarem o Povo e a sua vontade soberana perante um poder centralista que, servindo interesses alheios, usurpa a cidadania e a autonomia política, empobrecendo o país e comprometendo o desenvolvimento socialmente útil dos Açores.

E em caso do ato eleitoral de Outubro determinar a ausência de maioria absoluta de deputados para qualquer dos partidos que suportam os dois ditos candidatos a Presidente, essa responsabilidade tornar-se-á mesmo crucial para, protagonistas individuais à parte, a vontade política soberana do Povo Açoriano poder vir a exprimir-se de forma consequente e eficaz no futuro imediato.


Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 6 de setembro de 2012

jos_decq_mota_webEstando, como estamos, em vésperas de eleições regionais, não me tenho eximido de comentar diversos aspectos da preparação das eleições. Assim continuarei a fazer, porque é a forma de que disponho para contribuir para a clarificação de um processo que deveria ser, mas não tem sido, transparente.
Por muito que apareçam vozes irritadas a dizer que “devo estar calado”, não estarei calado.

Não deixarei de dizer que é estranho o PSD convidar para candidato o Comandante da PSP de quatro ilhas; não deixarei de enfatizar que é absurdo o acordo feito entre Berta Cabral (PSD) e Paulo Estêvão (PPM), segundo o qual o PSD não concorre (!) no Corvo para apoiar o candidato do PPM, que é o mesmo Paulo Estêvão; não deixarei de dizer, com toda a convicção, que a chamada Plataforma de Cidadania, criada por esse mesmo Paulo Estêvão do PPM, já comprometido com o PSD, é uma das mais escabrosas formas de manipulação política sobre cidadãos descontentes que já se viu; não deixarei de pensar e dizer que quando ouço dirigentes destacados do PS dizerem que o CDS-PP vai crescer muito nas próximas eleições, mais não estão a fazer do que a tentar ajudar o PP a fazer esquecer que esse partido é tão responsável pela situação do País como é o PSD; não deixarei também de dizer que, com isso, o PS mais não quer que tentar ajudar a que o espectro partidário regional representado na Assembleia Legislativa se centre, ainda mais, nos três partidos que apoiam a intervenção da troika.

Vemos a Autonomia a enfraquecer perigosamente e vemos os responsáveis pelos três maiores partidos a fazer tudo quanto podem para evitar que o eleitorado reaja, votando em partidos e coligações que se opõe à intervenção estrangeira.

Perceber as manobras em curso é meio caminho para reagir!


Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 4 de setembro de 2012

Subcategorias