Há muito que penso e afirmo que Portugal e os Portugueses estão a ser agredidos, com enorme violência, por uma aliança profunda que existe entre quem governa o País, quem manda na União Europeia e quem existe para moldar as economias e as sociedades ao interesse do grande capital financeiro.
O resultado dessa agressão é devastador: enorme desemprego; quebra acentuada do rendimento de quem trabalha, ou vive de reformas ou pensões; recessão económica muito profunda; desregulação gravíssima das relações de trabalho e outras relações sociais; enfraquecimento notório de todos os sistemas sociais públicos, com destaque para a saúde, educação e segurança social; delapidação irresponsável de património publico; diminuição muito acentuada de todas as funções do Estado; menosprezo fortíssimo pelas funções soberanas do Estado e pelos que as asseguram, com destaque para as Forças Armadas.
A nova “ortodoxia europeia” consiste em aplicar aos mais fracos a ditadura ou o domínio do grande capital financeiro e preservar, manter e aprofundar o domínio da economia alemã sobre as restantes.
A forma arrogante, autoritária e dominadora como vários ministros e comissários europeus (com destaque para o ministro alemão das finanças) se permitem comentar assuntos, decisões e questões internas portuguesas, é reveladora da natureza e dos objectivos da agressão.
O comportamento do governo português é escandaloso e situa-se no domínio da traição à Pátria. Não há hoje um governo de Portugal. Há antes uns portugueses que estão no governo, apenas e só, a fazer o que lhes é dito, de fora, para fazer, sem ter em qualquer conta os interesses de Portugal e os interesses legítimos de quem trabalha, de que produz, de quem está doente, de quem estuda, de quem quer trabalhar e não tem onde.
Este governo resultou de eleições, mas há muito que perdeu legitimidade, na medida em que fez tudo o que em campanha eleitoral disse que não faria e não fez nada do que disse pretender fazer. Este governo, a desfazer-se aos bocados, teve a ousadia de apresentar, por dois anos consecutivos, Orçamentos com normas inconstitucionais, num claro afrontamento à Lei Fundamental. Este governo, porque não é, de facto, do País, é incapaz de dizer aos alemães, aos barrosos de Bruxelas, aos dominadores do FMI e aos banqueiros que gerem o BCE, qualquer coisa como: Alto aí! Nós temos um Tribunal Constitucional que nos diz que não podemos ir por ai!
Um governo que afronta a Constituição, que desrespeita o Tribunal Constitucional, que vive obcecado em proteger meticulosamente os grandes interesses financeiros e os grandes grupos económicos, que não abre a boca, senão para dizer que é ”bom aluno” e que faz tudo o que lhe mandam fazer, que não acertou em qualquer previsão importante, que está a cilindrar a economia real, que está a destruir tudo o que é de interesse publico e que é incapaz de dizer que esta receita não serve a Portugal, não pode continuar a ser governo.
Portugal precisa de um verdadeiro Governo. Não podemos aguentar mais este governo feito por portugueses que não estão, nem querem estar, antes de qualquer outra coisa, ao serviço de Portugal!
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 11 de Abril de 2013